sábado, 29 de novembro de 2014

PRESIDENTA!


Minha língua não é prisão
Por isso eu grito, Presidenta
Minha cultura não é morta
Por isso escrevo, Presidenta
E para adornar os idiotas,
Eu fotografo,

PRESIDENTA! 

(Iberê Martí)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Os Astros


A Lua no céu iluminava
Eu percebia cada sinal
Sua boca me perguntava
Isso tudo é real

Minha boca dizia que sim
Os astros diziam que não
Seria outra cilada, enfim
Dessa vez não era ilusão

Mas tudo voltou ao normal
Partido ficou meu coração
Percebi que a vida é real
Os sonhos, as vezes não

(Stéphano Diniz)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Girassóis


Hoje o dia nasceu tão amarelo
Repleto de girassóis impressionistas
Cheio de cores, aquarelas e telas
Girassóis ofuscavam a minha vista

Eu perdido num dia tão modernista
De repente, eu vi uma coisa bela
Na parede, uma tela de Van Gogh
Como um quadro, você, na janela

No fundo amarelo, estávamos nós
Nem mil sóis conseguiram iluminar
Eu te daria um campo de girassóis
Que nem Van Gogh conseguiu pintar

                                                                   (Stéphano Diniz)

Dinâmica da Vida



Nesta orbita cartesiana e mecânica
Cujo o humos-máquina órbita
Em suas caixas de fósforo fechadas
E pouco compreende a história da vida....

Mas pra quem (pre)sente a dinâmica
No bio observa o cosmos que liga.
Energia, espirito e matéria,
Nossa metamorfose cognitiva
Vai mergulhar em outras artérias

E buscar outra lógica pra VIDA!


(Iberê Martí)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Concretizaram o belo

Concretizaram o belo
O tão verde amado
Virou concreto armado
O que era verde virou alvo
Onde pra eles não era nada 
Construiram uma esplanada
Onde pra mim era mata
Hoje pra mim não é nada
Para ficar mais belo
Na parede de concreto
Pintaram árvores!


(Stéphano Diniz)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Lugar


Nós não queremos chegar
em primeiro lugar
Não queremos nem chegar
Só queremos encontrar
Um lugar melhor

Não podemos nos deixar cair
num lugar-comum
Não queremos lugar nenhum
Nós não queremos lutar
Só queremos fugir

Nós queremos nadar no mar
e nos encontrar
Um lugar para eu descansar
um bangaloo sob o Luar
num lugar qualquer

Queremos um lugar perfeito
Que não é um lugar
Está dentro do nosso peito
Está no nosso par
Está no ar


(Stéphano Diniz)

Os Indigentes


A gente se acostuma a viver na rua
A dormir no chão, fazer comida [comunitária] na praça
A gente se acostuma com o descaso
Com a indiferença, com o frio ou calor
A gente até aprende a conhecer gente,
Estranhos, a ser expulso pela “ordem”
- que o fotografo fotografa -
A gente aprende a apanhar, com cheiro do lixo
Com a roupa rasgada, com pano sujo cobertor
A gente se adapta a respirar fumaça fumegante
Ouvir o barulho do helicóptero, sem olhar pro céu
A conviver com o perigo, a insegurança
A Solidão... a tomar banho no chafariz
E a gente se acostuma a dividir tudo,
                                 [entre todos que nada tem]
A gente se acostuma, aprende, se adapta... torna-se normal

Mas que me agoniza o peito, enche de angustia
É esta estranha sensação que Eles Livres,
e “Eu”?


(Iberê Martí)

Ilumina

No céu as Estrelas iluminam,
Meus vazios
O sorriso da moça,
que busca justiça
A força do anão
A candura do gigante
A certeza do cético
Com o carinho do poeta,
em Palavras

E a gente caminha
Sem rumo,
Sem direção
Guiando convicções
e dúvidas...
até a próxima vida
até a próxima morte

Aprendendo a ouvir,
a entender, respeitar
aprendendo a aprender
e caminhar...


(firme igual os primeiros passos de uma criança ou prego na areia)

(Iberê Martí)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel cabeça de poeta


Barros seco que em mãos se esfarela
Na lágrima que escorrega e molha,
E inunda mais que o reservatório do pantanal
(Aquele absurdo de cota, doce água acumulada)
Tu, Manoel, é um divisor de bacias hidrográficas e gramáticas
O teu devir é inventar... és sem divisas [livre], como o gado do pantanal
Um dia você me fez lesma ao mostrar que há vida em pedra.
Depois me tocou em pedra ao significar a importância das lesmas.
Hoje eu nem sei se pedra, se lesma, ou caracol [caramujo]...
Meu deus, me livre de tanta ‘ignorãça’, e me lança nas “pré-coisas”
E me concede um pouco, um instante do absurdo, do abandono
Do dom divino no olhar indiferente dos Andarilhos...
Me permite ser barro preto, areia, argila orgânica do pantanal, 
                                                                         [e seu Amigo]
Manoel cabeça de poeta!


(Iberê Martí)

domingo, 9 de novembro de 2014

Sentimento alheio


 
As vezes um amigo se corta,
E corta a gente por dentro
Coração pula e contrai,
Disritmia elegante.
O mudo fala
O cético cai
O sábio se torna ignorante
A face reflete,
A dor refresca
A força esvai.
A mente como flagelo enlouquece.
És inoperante, impotente...
O vazio se toma com gosto de absurdo, o abandono.
 
Mas a vida não para... leve [e livre] prossegue!
 
(Iberê Martí)


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Eu sou este mar sem porto


Eu sou este mar sem porto

Navegando junto ao vento,

Na direção da encruzilhada do acaso,

No sentido avesso estrada,

Caminho pro espaço sem tempo...

 

Eu sou este ser sem ambição

Não aprisiono amigos,

Não mumifico amores,

Não proíbo amantes,

Não gosto da rotina...

 

Eu sou este poema largado

Sou íntimo da Liberdade,

Minhas palavras eu invento,

Cultivo um jardim na imaginação,

E tenho preguiça das pedras...

 

Como pode? Criar raízes no concreto

Já não é árvore, tampouco homem

Tens sede, sente fome, calor e frio

E consome o derradeiro suspiro...

 

Depois oxida!
 
(Iberê Martí)

O Herói




Ele cai, mas não se rende
De baixo, sua cabeça se ergue
É difícil, ele compreende
Quase sem forças, ele segue
O desânimo se torna coragem
O medo se torna superação
A falta de fé vira esperança
Ele vai na raça, vai no coração
Suas feridas se tornam os lírios
Da dor, ele se banha na glória
A morte se transforma no martírio
Do improvável, ele tira a vitória
O impossível se torna o corriqueiro
O homem se transforma em gigante
O gigante se transforma em herói
O herói se transforma numa lenda
A lenda é cantada em uma canção
A canção conta a estória de um mito
De um mito que torna uma inspiração
De superação, para todos os povos

(Stéphano Diniz)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O que é


 

Que transforma um cético

Apenas um bufão

Que faz do mais atlético

Um campeão

 

Que fez um vinho cabernet

De um vinagre

Que faz até o mais ateu

Crer em milagre

 

Pra quem faz do inacreditável

Quase uma rotina

Que fez do mais improvável

A minha sina

 

Que faz enxergar o invisível

Vai, acredite

Pra quem acredita no impossível

O céu é o limite

 

Porque impossível não existe

Para o sonhador

Que luta contra o escuro triste

Por amor

 

(Stéphano Diniz)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Cada um


Cada um escolhe a vida que quer levar

Tem gente que é pedra

Uns querem ser rio

Outros querem ser pássaro

Tem gente que é ilha

Tem gente que é vento

Pessoas são árvores

Há os que desejam ser

maiores que o céu ou mar

mas estes se perdem

na própria insignificância
 
 
(Stéphano Diniz)