Ei,
tu que está ai parado
Levanta
a cabeça e olha
O
mundo inteiro lá fora,
em
qual Ilha você se trancou?
Observe
ao menos um instante,
As
flores, as folhas, as abelhas
As
pernas e os cantos dos pássaros
Depois
olhe pro espaço, ao léu
Tenha
um instante só seu,
Nem
que seja em um cigarro
Trague
suas angustias e fora
Vomite
o incômodo, o breu
Crie
tempo pra pensar,
passe
horas no banheiro
(depois
de descarga)
Suje
a água límpida, na privada
Não
se esqueça dos amigos
Os
inimigos tem informações,
importantes,
confidêncie, confabule
E
depois perca tudo, não vale a pena
Esteja
atento, na espreita
Desconfie
da palavra do sábio
Escute
o mendigo, o gari
E
passe horas a sorrir...
Se
venda as vezes também
Desse
um preço, compre
Pague
quando quiser...
Mas
nunca faça de outros mercadoria
E
nos dias que faltarem,
Lábios
que lhe esqueceram
Os
ouvidos que não escutaram,
A
tua voz será vã outra vez
Mas
não desista agora,
Não.
Não desista nunca
a
porta que abre e fecha,
aguarda
ansiosa sua volta
Caminhe
em frente, siga
Mesmo
que não deverás,
aqueles
que não merecem
sentirão
saudade, sua falta
Guarde
o Poema na cachola,
E um dia recite pra Ela...
Sem
somar, que não vale a pena
Mas
ande, que a Vida é Bela!
(Iberê Martí)