terça-feira, 28 de maio de 2013


Eu queria te dar uma flor
Cheia de cores e de amor
Mas eu não tenho coragem
De retirar a pobre da flor
De seu hábitat, lugar de viver
Ah, mas o que eu posso fazer
Eu sou só um escritor

Eu queria poder te dar a Lua
As Montanhas e as Estrelas,
Para que noites mais escuras
Se tornem iluminadas e belas
E não haja sombra no teu viver
Ah, mas o que eu posso fazer
Eu sou apenas um poeta

Eu queria te dar o mundo
O vento, a vista, o horizonte
Mas sou só um vagabundo
Desses, que moram na ponte
E você jamais iria me querer
Ah, mas o que eu posso fazer
Eu sou apenas um artista

Então, ofereço-te uns versos
Sussurrados ao pé do ouvido
Eu nos meus sonhos imerso
Retirando seu belo vestido
Você se banhando em prazer
Ah, Será que você ia querer
Se eu sou apenas um louco


(Stéphano Diniz)

O homem que encontrou sobre o tesouro no fim do arco íris estava certo
O problema reside na teoria da relatividade
O tesouro não se aproxima de mim quando corro em sua direção
Mas também não se afasta quando fujo dele
Da minha posição ele vai sempre estar a vista e será pra sempre inalcançável
Tudo muda quando os observadores chegam
Pra um eu estou me aproximando
Outro vai dizer que é o arco íris que vem na minha direção
Enquanto fizer sol vou estar preso nessa brincadeira Einsteiniana de pega-pega
O resultado é apenas um par de sapatos com a sola gasta
O sol se põe e põe fim na corrida refracionária
Todos dormem
O sol se levanta, ao som de Dark Side of the Moon eu vejo o tesouro voltar
De novo vejo o arco íris lá e eu cá imaginando meu tesouro e eu
Fico parado até um observador em movimento gritar "Eu vejo seu tesouro vindo"
A frequência do meu coração varia do mesmo jeito que sua voz (a culpa é do Dopler, mas não vou envolver ele nesse debate)
Lá se vai outro bom par de sapatos
A culpa é do Eintein.




(Mário Paulo Alves Hennrichs)

quinta-feira, 23 de maio de 2013



Andava,
Sem mais o que fazer
De repente, corri
Corri pros braços
E pro útero de minha mãe
Corri pra segurança
E pra casa do meu pai
Corri da velhice
E da caretice conservadora
Corri do homem
Corri da mulher
Corri do mundo
Corri de medo
do que está por vir
Corri do futuro
Corri do tempo
Corri do que está por vir
Corri do que vi
Corri da cegueira
Corri dos monstros
Corri dos fantasmas
Corri do cachorro do vizinho
Corri como num pesadelo
Corri, corri, corri
Corri de desespero
Corri como quem corre
Da própria morte
Eu corri de mim
Eu só estava com saudade
De correr no pique esconde
De correr no pique pega
De correr no rouba bandeira
E de correr no futebol

(Stéphano Diniz)


Aguá-pé, mureré, o nome de algum tupi
Mureré, vá com fé, o mundo espera por ti
Vá a pé aonde der, e ver a maldição do ser
Àgua-pé o que quer? a natureza e um pouco mais
Sofrer com ilusão sagaz, pensar então o cetro ser
Verbo é mais, muito mais, mas verbo tem perceber
 Material esse viver, e o Novo: Agroecológico refletir

Vamos a pé, mureré, sob as águas flutuar
Semear a rebeldia, encontrar a luz... a luz de um novo dia
Aguá-pé, vai molhado até a imensidão do mar
Encharca esse coração, e os Sonhos todos cantarão,
Asas pra se voar!

Água-pé vai com fé, que água é pra se beber
Na fonte das ideias caminhar, buscando ser um aprendiz
Mureré, faz um tanto o Bem, mais bem muito mais a Paz
Marcha em frente, porém soldado nunca mais
Se lado lado são irmãos, dividir não é somar
Multiplicar alegria o amor, cooperar e distrair o coração,
Vida exige muito mais de ti!

Vamos a pé, mureré, sob as águas flutuar
Semear a rebeldia, encontrar a luz... a luz de um novo dia
Aguá-pé, vai molhado até a imensidão do mar
Encharca esse coração, e os sonhos todos cantarão,
Asas pra se voar!

 Mureré, vá a pé, que a água sente a gravidade
Somente o maltrapilho conhece a saudade,
[mal amado, sobrevivendo de poesia]
Outra vez, através, atravessar o pantanal
Se o sol é sal ineficaz, amar então um pouco mais,
Vida deve insistir...
Pra ir mais, muito além, de qualquer possível horizonte
Armar redes por detrás do monte, canários vão nos aplaudir!
Mureré, água-pé sorrir mais, cantar uma nova canção
Que desperte nosso coração, pulsar como um colibri
Mureré sorrir mais, (re)novar Valores e atrás do cais...
O mar embarca pra imensidão!

Vamos a pé, mureré, sob as águas flutuar
Semear a rebeldia, encontrar a luz... a luz de um novo dia
Aguá-pé, vai molhado até a imensidão do mar
Encharca esse coração, e os sonhos todos cantarão,
Asas pra Revoar!

(Iberê Martí)

terça-feira, 21 de maio de 2013



Os amigos, inútil serviço e completamente desnecessário definir ou explicar: há amizade em si já se autodefine. Esses seres (os amigos), que se encontram antes mesmo de se conhecer. Estes que mantém as conversas em dia mesmo sob a presença astuta da distância física – de contato ou virtual. Parece que eles (os amigos), recapitulam sempre conversas futurísticas. Não existe o ponto de partida ou mesmo o fim para diálogos entre amigos. Partem de qualquer lugar e sempre chegam a um ponto em comum, como se vivenciassem - mesmo ausente a presença – dos mesmos momentos, das mesmas visões de mundo, dos mesmos sentimentos. Os amigos não atualizam o presente ou choram o passado, apenas projetam o futuro; planejando inundar a imaginação de fantasias audaciosas. Como é bom ter amigos, e quão belo. Partilhar angustias através de espectros transcendentais! Amigos, amigos sempre em frente, sempre adiante, incumbidos de seus destinos involuntários. É involuntariamente seguem construindo os tortuosos trilhos nos acontecimentos em Vida. Nem antes, nem depois, nem agora nem talvez, nem hoje ou quem sabe nunca. Mas, a mais amigos que se completam, que se complementam. Que fundem suas ideias, e criam algo novo: há Esperança. Vasculham nas utopias plantações de um novo tempo, em seus valores renovados. Impossível “expectativar” um amigo, pois somos sempre surpreendidos por seus sonhos risonhos, por seus abraços fervorosos, por seus músculos enrijecidos furiosos para acalentar em seus anseios: os braços apertados nos passos descompassados e rítmicos do coração, que pula e saltita: há vida. Repletos de seus temores e fantasmas, por tudo que é, e representa. Amigos e seus discursos serenos, amenizando os vários vazios da crua realidade. Agindo como se somassem para dividir, e diminuíssem para multiplicar. Eis a vida e os amigos. Os amigos e a vida: sempre um carregando a contradição do outro: (re)fazendo o contraponto de qualquer pessimismo cabal. Acabarão com o planeta, com o mundo com o universo, com os mitos com os heróis, com o medo e com as doutrinas, e tudo mais. Entretanto, no contraponto: as amizades jamais, pois está já parte faz do enigma, no mistério da enteléquia que carrega o fio: o fio dos que acreditam na Sobrevida!

(Iberê Martí)

quinta-feira, 16 de maio de 2013


Meu amigo Raul

Obrigado, meu amigo Raul

Amei em Coisas do Coração
Me ensinou que é tudo  possível
Que posso tudo, que eu sou invencível
Se eu tiver a guitarra na mão


Me fez sentir o puro gosto do mel
Me lembrou que o Diabo é pai do rock
E foi você mesmo que me deu esse toque
E você já deve estar no céu

Então eu comi a maçã do amor
Quem não tem filé come pão e osso
E foi você que chamou o seu moço
Pra eu também pegar o disco voador

Me lembrou que se vive num bar
Me encorajou a sair da linha
Vi as pedras chorando sozinhas
Sempre paradas no mesmo lugar

Zoei como a mosca na sopa faz
Da chuva eu perdi o medo
Ouvia a profecia, ouvi o segredo
Isso a dez mil anos atrás

Me lembrou que o céu é azul
Me mostrou que não posso ter medo
Hoje sou diferente do Pedro
Por tudo isso obrigado Raul


(Stéphano Diniz)

sábado, 4 de maio de 2013



  A Estrada é realmente fascinante. Anda rápida, avante o Horizonte. Pelas estradas da vida, os sinais e os vestígios de um tempo inacabado, incompleto pela ausência da Falta. Pela certeza do Certo. Na razão da Verdade. No divino encorpado um escopo do será o Amanhã. No destino futuro as duvidas do presente e o que Contém. Falta, falta. O que falta é o Amor e a Humanidade ainda não experimentada pela Estrada que busca apenas o Belo e o Bom. Neste Banquete farto, falta muito a caminhar. E, Eu, um pé de Macaúba?
         Viajando em busca do novo e das incertezas desta vida mal vivida. Olhando pro lado, na janela de vidro que separa o Verbo e a Natureza. Vejo encorpadas Macaúbas resistindo bravamente ao pastejo e os desertos homogêneos do dito e redito: Progresso; Desenvolvimento. Ali, elas (as Macaúbas) cumprem seu papel, ao reivindicar a lembrança de um tempo em que havia mais Mata que morte. Mais vida que Ilusões. Muito mais alegrias do mero concreto. Muito, muito mais morros ricos em beleza que pedaços de papel: “o dinheiro é um pedaço de papel?”. E, Eu, um pé de Macaúba?
         Por que vivem solitárias as Macaúbas? Pergunta que poucos, pouquíssimos fizeram. (Entre aqueles que reconhecem um pé de Macaúba). O “chiclete-de-pobre". O coquinho verde deleite das araras. Ficam paradas no tempo. Não conseguiram derrubar? Não conseguiram queimar? São teimosas temidas e destemidas as Macaúbas. É lutam bravamente com seus espinhos e seu silêncio: de Planta que sente, que tem sentimento. Existe vida cósmica? Ainda têm  muitas respostas a nos trazer. Muito mais perguntas a responder. E, Eu, um pé de Macaúba?
         Tenho quase duvida se existe uma única Ideia original? Um único lapso sortudo que não venha do acúmulo histórico da história. Mas, como somos desprovidos de dúvidas. Carregamos sempre o Certo e a Certeza. Quanta beleza em Acreditar? Quantos Egos entranhados nos espinhos. Logo o ego, vil e sorrateiro: quanto o mar! Entretanto, a mudança não começa agora. Nem ao menos temos dimensão de quando começou. Vida. Antes cósmica que nunca, vai adiante. E, Eu, um pé de Macaúba?
         Pois não que quisesse o Destino melindroso me colocar aqui. Nesta terra, neste lugar, neste Tempo e Espaço. Sem espaçonaves no céu. Sendo as inúmeras Novas e radiantes Perguntas o meu vasto caminho incerto. Uma fagulha do cosmos que em delírios busca na Falta do que nos sobra: talvez outra possibilidade. Seria covarde e condizente, como Verbo e Macaúba deixar me enganar pelo Ego. (Este miserável que nunca me compôs - por inteiro). Pois, na história materialista nada fica e tudo passa. E, Eu, um pé de Macaúba?
         De fronte com mim mesmo um Lago. Lerdo, largo e sereno. Um lago parado, morno e morto. Lindo e lírico. Mas no fundo do lago o Lodo. Não se assuste meu Amigo (não cultivo: Inimigos). Não se afaste Companheira (meus espinhos contém mel). O palmito da macaúba é doce, por este motivo os espinhos (proteção? Igualmente o palmito do tucum tão apreciado pelas tartarugas). Vitimas na construção deste método do Medo. Não. Inexistem Vítimas. Somos todos em partes culpados. Pelo sangue derramado. Pelas vitimas e morticínios. Pelo bem e pelo mal. Difícil admitir? Jamais condizente. E, Eu, um pé de Macaúba?
A Estrada segue adiante. Vai percorrendo o Horizonte. Ampliando-se em dúvidas e incertezas. Lago, Lodo e Nada: nadam. Engana-se quem assim não se vê. Quem não se autoavalia. Mentir para si que as Macaúbas ali pela bondade reluzente dos Verbos? Um pouco de paz. Jamais seria esta a resposta. Jamais! No entanto por que as Macaúbas ali, sem deter de nenhum valor honorário? Sem nenhum poderio econômico? Economize as certezas, e tome posse (em pose) das dúvidas. Lago morto: Mentira e Lodo, não. Incomodando a sustentabilidade do Desenvolvimento. Na Falta a utopia do que não existe, o Amor: o Belo e o Bom. Amamos o que não temos. O Forte não ama sua força. O Fraco não ama sua certeza. A Macaúba não ama seus espinhos? Relutemos amigos. Quando a Razão nos entregará de bandeja? Em fartura e abundância: Amor e Humanidade. E, Nós, pés de Macaúba?

(Iberê Martí)

quarta-feira, 1 de maio de 2013



Teria tantas Importâncias a dizer
Nenhuma Delas servem
mais.
Faria tudo de Novo novamente
Sabendo inoportunas consequências
Mas...
A vida que fica escondida no canto:
No sapato apertado
No paletó engomado
No peito sem brio
Na mente sem brilho
Tudo passa de repente, adaptasse.
E sem (re)volta
A ser como antes nesta vasta,
NORMAlidade!

(Iberê Martí)