domingo, 23 de dezembro de 2012


Um gole amargo



“Um gole amargo, a sensação de frescor, outra rodada, mais uma cadeira na mesa, outro copo e desce mais uma meu bom homem, conversa, diálogo, triálogo, bate papo, monologo, filosofo, a tríade: política, religião e futebol; aproveita e pega um tira gosto, desestresse, relaxamento, preciso ir ao banheiro, perdi a piada, estresse, aula, trabalho, praia no próximo final de semana tá combinado, mais uma cadeira e senta no chão, poliálogo, profecia do fim do mundo, puxa mais uma mesa, alguém paga a próxima, quero duas, meninas bonitas, livros, carros, cigarros, fornos, comidas, bebidas, o que eu estava falando mesmo? Ah tá, to no bar, de bobeira, curtindo a saidera.”

(Rafael Olivares)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012



Existe um incomum contido em seu canto
Algo além do possível, imprevisível em sua cinza juventude
Na atitude de sua ousadia em um combate amarelo
Tinto é o prazer de sua presença – de vinho!
Quase que gasosa a sutileza em seu pranto.
Nas armadilhas dos desencontros há sempre algo mais que fica
E permanece... no amanhecer a lua meticulosa,
some e reaparece de contos em contos!
Como se as caravelas direcionassem os ventos
- de nossos caminhos e outros tantos –
em um sublime magnetismo espaço temporal.
Antes do inexplicável e intransponível grito
A terra tem seu canarinho e o canarinho almeja a terra
O passo adiante segue as diretrizes gravitacionais nos ares, convencionais.
Confiante, canário, confia às incertezas no território que ocupa
Bandos sociáveis insaciados pela sua elegância; em destaque
Na jaula as suas palavras... o som de "Pássaro de Bom Canto"
Existe uma alma que vibra e sente aconchego em sua gaiola
Mesmo se impossível voar, reafirma valentia destemida
Enfrenta os acordes da vida... donde fluem os sonhos
E que permanecem imersas em duvidas ocasionais
Dispersas ao acaso nas cantigas de liberdade...
O mundo é um pequeno moinho de possíveis cenários: 
Canário-da-Terra!!!

(Iberê Martí)



A Ser Humano sobrevive no medo
Ama por medo da solidão; Crê por medo morte;
Fantasia por medo da realidade...
Sonha por medo da luz!
E a cada minuto, a cada dia, a cada ano,
renova os seus medos medrosos.
Em expectativas esperançosas de angustias...
Já, os Poetas, os Poetas... esses brincam de rir do medo!

(Julián Pierre-Henry)

sábado, 15 de dezembro de 2012



Um doce gemido
Que flui do fluido
Essências ao acaso
Descalço de prazo
Imerso a ação
Gravitacional do dragão
Aquecendo centelhas
Moleculares abelhas
Na construção do continuo
Ciclo disperso e gasoso
Recombinando um horizonte frondoso
- de novas possibilidades e utopias -
Deslizando nas vias e guias...
Sob a superfície de óleos existências!

(Iberê Martí)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012



Meus parabéns a quem se esforçou pra valer
Parabéns a todos os que passaram no teste
E também aos que não passaram inconteste
Porque tinham coisa melhor pra fazer, viver

Meus parabéns, a você que quer o que faz
A você que está há dez anos no mesmo serviço
E também aos demitidos do trabalho submisso
Porque esticou as férias por alguns dias a mais

Você que não tinha dinheiro nenhum na carteira
E lhe veio no ouvido uma bela música sertaneja
Você que saiu do trabalho e tomou uma cerveja
Mesmo sabendo que ainda era segunda feira

Meus parabéns a você que só vai à praia com sol
Também parabéns a quem vai à praia chovendo
Parabéns a vocês que andam na rua correndo
Você, que ainda sonha em ser jogador de futebol

A bola dos garotos caiu na sua casa, você furou
Parabéns a você que só anda cantando pela rua
Também a você que desligou a TV e foi ver a lua
Você que perdeu a vergonha, levantou e dançou

Parabéns a todos vocês que atingiram os objetivos
Aos que tiveram uma vida só de estudo e trabalho
Aos que preferem uma festa, cerveja, um baralho
Àqueles que escreveram, leram ou não leram livros

Parabéns a todos vocês, parabéns a essa canção
Aos que se dedicaram por demais e não viveram
Aos que curtiram por demais e logo morreram
Meus sinceros parabéns, do fundo do coração

(Stéphano Diniz)


A imperfeita perfeição da vida...
O azar do operário
O astuto, o otário
A malandro honesto
O falso modesto
O esperto brincalhão
O observar do ladrão (de sonhos )
O andar do malaco
O forte que é um fraco.
A bela mal feita
A feia, a desfeita
A busca infinita
A sorte maldita
O papel, a atriz
- nem pensa no que diz!
Tudo quanto é imperfeito
Em perfeita sintonia,
seguindo a sincronia Noturna...
Ofuscando o pesadelo da luz
Lubrificando a razão miscigenada das “ideias”
Sem isso em muitas, muitas doses...
Mais, muito mais, chatos seriam os Dias!

(Iberê Martí)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012



Tempo, o tempo já nem passa
Relógio a lutar contra o fluente sentido
Modificando o prumo e nem foi trapaça
Quanto espaço ao meu tempo faltaria?
Tempo sem tempo, tempo sem graça
Vida sem tempo, nunca me acha
Agoniza no peito o tempo que abraça
Feliz as crianças que desconhecem
-as linhas tênues do tempo que descompassa-
A Menina que sonha viver liberdade
A força do tempo enrola, embaraça
E nem imagina “a lei natural dos encontros”
Já sente falta do tempo em que era “comparsa”
Se presente o destino, se vidente o passado...
Ainda nem foi, mas a saudade se faça,
presente - em futuro perfeito e abstrato!

(Iberê Martí)


Joga o jogo, que o jogo é jogado
Na meta o arqueiro e sua flecha arrematando distâncias
Entre o beque e o oponente há sempre uma canela que fica
Se no juízo do volante, houver limitada visão:
Desprotegidos o goleiro, o zagueiro e o time do coração.
Mas se o volante roda a engrenagem, inverte o jogo
Antimecânicas, instantâneas ações, procura o ponta que buscar ajudar
Se tabela com o Dez, faz o público vibrar
Nem sei se haja sincronia perfeita, mas que os laços imperfeitos, são – isso são.
Antevê o artilheiro pendurado na rede, nos braços da turma e da bela torcida
Inexiste métrica até mesmo ao compasso, se o passe de letra, errou faz careta
Nem sei se tem métrica ou estratégia, no elástico que veste o grande embaraço
Tomar entre as pernas verdadeiro palhaço
Se eu fosse o garrincha jogaria de muletas
Pra quem esquenta a moleira, e acha que é serio....
Vencer no futebol é um verdadeiro mistério
Quantos ambientes internos, quantos males externos
De onde emergem as estórias? Que sustentam essa paixão
Torcer por torcer, torcer torcedor
Sem risco de vencer e sem ser perdedor
Na alegrias incontida, nas fortalezas de gelo
No instante que separa o herói e o reles artilheiro!
No julgamento de juízes impróprios
Na velha certeza que ninguém nunca vai ter
Sou amante do futebol as antigas
Onde seriedade era levada na descontração
Ações espontâneas de artistas da bola
Futebol de agora, já nem tem mais tesão.

(Iberê Martí)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012



Na espreita camuflada de suas provisões
No paralelo de suas sinas e sinais...
Interestelares pensamentos passam por sua indiferença
E sua audácia já um tanto mitologia!
És Atena ou antenas de filosófica sabedoria
Como se noturno fossem os dias...
Em dimorfismo de gênero almeja alguns tons de cinzas
Uns proliferam outros protegem: congênitos
Antes de enfeitar seu ninho no chão
Observando a giratória curiosidade no seu pescoço
Que desperta, ou acorda para 270 possíveis caminhos...
Um ser solitário, que alimenta e despeja a presa
Nos círculos voadores antes do próximo pedestal
No ângulo reto do seu juízo, lá onde repousam em serviço...
 Dormem acordadas as Corujas!

(Iberê Martí)

domingo, 9 de dezembro de 2012



Eu ando a consumir meu silêncio
Ando consumindo migalhas e tantas
Preso a velhas bigornas,  parafernálias e novas,
fantasias tecnológicas...
Tecnologias.
Hoje, eu encontrei, meu verdadeiro valor
A importância em valer, e valorar algo de valor
Algum conhecimento nobre e comum
Frutos que o principio consciente acumulou
E acumula
Vamos, hoje eu vou acumular meu valor
Vou cobrar um sorriso
Vou arrematar os meus tímpanos
- que “vala” uns montes sem milhão -
Hoje eu vou cobrar meu valor
Minha divida comigo mesmo
Quanto vale um milésimo de meu tempo
Há quanto tempo o Tempo? tinha menos valor
Já nem tempo tenho de descobrir meu “desvalorado” valor
E valorar o pensar.
E quando pergunta ao jumento:
-quanto vale seu conhecimento?
Ele nem consegue falar, organizar uma resposta sistêmica ...
Contra ou a favor do sistema: que atua o ator
Este é o nosso nobre valor:
Escravos alforriados!

(Julián Pierre-Henry)


Diz o povo que o Tempo é o senhor da razão
Pois se o senhor Tempo controla o destino
Avesso a isso, o louco será eterno menino
Sem a razão, sem lógica, seguindo o coração

Sem o usar o traçado certo, mas com bela cor
O louco já renegou as causas certas e ao juízo
O cair da areia da ampulheta não é lhe preciso
Há tempos, o louco sem razão não tem senhor

O povo com relógios se perde na encruzilhada
Luta contra a morte, pagando isso com a vida
Sem lutar o louco vence, achou a terceira saída
O tempo, a razão e o senhor não eram nada

(Stéphano Diniz Ridolfi)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Então eu era Verbo




Então eu era eu...
Um velho Verbo que desentendeu
Vendados passos até o coliseu
Vendem promessas para persuadir.
Vaguei como um francês...
Em Bora Bora sem ser um burguês
Quem sabe agora cresça meu nariz
Vou bajulando o meu chafariz


Nem sei se quis parar...
Nestas gramaticas de um português
Na dialética que se faz se fez
A conjuntara eis que distinguir.
E um dia avisar...
Pra aquele muro há se alcançar
Mérito cego deste meu azar
O meu sucesso nunca foi vencer

Talvez acompanhar...
Colher as flores no grande jardim
Meu tropical sangue tupiniquim
Supera o frio do clima europeu.
Até profetizar, a elegia de um samurai
Lamina de espada serve a servidão
Que corta veias do meu coração
Vou praticar a não ser mais juiz

Passei bem devagar...
Ventos aflitos neste seu olhar
Em praças livres segue a cavalgar
Nos sonhos lindos de uma meretriz.
Chorei ao perceber...
Sou prisioneiro deste meu querer
Meu egoísmo nem quis perceber
O meu destino, ser um infeliz

Viver como um plebeu...
Acreditar em filmes como “prometheu
Miscigenada cultura que se deu
Monoteísta este meu viver.
E buscar aprender...
Que meu silêncio se fez entender
O vento e o tempo são o meu saber
Conhecimento quem detém desdiz

Ao lado do Saber, eu vou até lutar...
Se Dom Quixote no posto de rei
Pelas utopias que já apanhei
Ensinam os Mestres que existem por ai...
E permitir inté sorrir...
A alegria bela em cada detalhe
O instante no Universo antes que se espalhe
Indiferente ao nosso existir!

E reconhecer Chico Buarque
Rasgar as folhas do antigo almanaque
Letras aos versos vão arremessar
É displicente o meu caminhar!
Então eu era eu...
Voar sem asas é um sonho meu
Perder da lógica que se absorveu
Não sei vender, não sei iludir!

(Iberê Martí)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012




Ao partir, Niemayer deixou algo mais, algo menos, mais ou menos...
Ao sair de fininho de sua brasília, sem asas ficaram as águas tortuosas do cerrado.
Ao deixar uns choraram, outros sorriram. Os menos incultos ficaram estáticos.
Na areia de Copacabana. Comendo cimento.
Que sem a mão modeladora nada seria. Apenas rocha ou húmus, talvez.
Resta a dúvida se roucos os visionários, os futuristas: poetas, sábios, e os artistas.
Arquitetos do mundo? Carregando as blasfêmias imediatistas: dos que sabem de tudo.
Mudos, roucos e calados. Morrem assim todos transcendentais pensamentos.
Nasce a esquizofrenia de alguém “achar” que um dia lhe entendeu.
Amantes de sua pureza tão pura.
Floresce a certeza em “verdades” que tu nunca disseste.
Quantos mortos-vivos a penar interpretações? Sobre alicerce de supostas conclusões.
Na paranoia incerta de seus discípulos e suas escolas.
Morre o homem, emerge o mito. E a mitologia.
Os que sabem não carregam a certeza. Não carregam nada. Nem fadas.
Hoje eu posso falar, nestes tempos ou hoje em dia.
Amigo, eu nasci no lugar de sua fundação mitológica.
Por isso, eu posso falar. Eu tenho esse direito. E quem não tem?
Vaquejando vagarosamente nestas planícies de ar quente
Aprendi que é impossível uma compreensão, por completo, de Gênios.
Incógnitas em suas linhas marcadas no tempo e no espaço.
Há muito mais ou muito menos. Mas hoje a terra é um pouco menos.
Fantasia: ao desenhar você partir!

 (Iberê Martí)