sexta-feira, 28 de junho de 2013

ÂNSIA


Caminhando pelo tubo
Rápida...
Esperada...
Desenrolando, entre chacoalhetadas
E esbarrões.
Surge ela...
Nos momentos de tensão,
Angústia, medo, gastura.
Quero botar pra fora
Essa secura que me coça,
Incômoda, enclausura...
Secura que tira o ar...
Asma maldita que vem da cabeça
Chicoteia desde o peito
Até o momento da soltura.
Barulho infernal que proporciona o mal estar dos outros
Não há remédio que cure, nem psicólogo que escute...
É tudo sua cabeça, meu filho...
É tudo – engasgo - sua fraca cabeça, eu repito.


(Escova)

quarta-feira, 26 de junho de 2013


A rua
Anda
Tão vazia de gente
Muitos olhos, quantas bocas
Muitas coxas, diversas bundas
Milhões de espelhos, cabelos, nariz
Faces tristes imaculadas
Poucas mentes
Rua anda vazia
Minha gente...
Implorando pra Lua Cheia
Logradouro solitário dos
Poetas!

(Iberê Martí)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Espinha rosa


Aquele perfume que escapa as mãos
Vai zunindo na direção do Vento
Atordoada candura de um coração,
[já cansando de sofrimento]
É o aroma que a rosa espera
Não quer mais fugir de espinhos
No caminho, entre o destino e a vela
Letra sacra, sagrada donzela
- desavença dialética -
Em silêncio apanha seu ninho


(Iberê Martí)

domingo, 23 de junho de 2013


Um dia acordei noite fria
Nenhum amigo por perto. Estive distante
Acordei em um lugar diferente
Minha casa já não tinha mais número nem rua
Tudo parecia um entranho vazio
[tamanha o tamanho da lua]
Na rua o Silêncio da Maioria
Cordeiro o povo queria,
Alforria, mas deixou-se enganar!


(Iberê Martí)

sábado, 22 de junho de 2013

             Escol

Flor jambo cor, cachos e traços de anjos
Auréola dourada cerca seu dom; fitar teu destino
Querubins carregam seus laços, garbo escol
Contidos ponteiros, desajuizados sorrisos
Covinhas caminham em suas graças, esplêndida
Perco meus olhos em seus passos incertos,
Passos firmes imprecisos, alçam voo em sua voz
Flutua em nuvens, vogar nos olhares que lança
Contida. Lóbulo perfumado: és néctar divino
Fragrância materna, diva essência sublime
Teu brio. Esse brilho simbólico, candura grega
Pose de sutil elegância, esbelta e destemida
Recear o cárcere, masmorra avidez
Escritura cravada na terra, gravura genuína,
[és o último sinal dos deuses e dos tempos]
Cálice da vida, abelha rainha, fera querida
Mensageira abstrata dos céus, fidedigna
Lábios sagrados: Letras dos serafins!

(Iberê Martí)

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Ditadura Perfeita


 
A ditadura perfeita
Parecerá democracia
Não haverá suspeita
Da sua real aleivosia

Numa paz sem verdades
O Povo se sentirá seguro
Em uma cela sem grades
Numa prisão sem muros

Na qual os prisioneiros
Sequer sonharão com fuga
Onde o dia passa ligeiro
A primavera ainda madruga

Um sistema de escravatura
Onde, graças ao consumo,
A própria superficial cultura
Deixa os escravos sem rumo

Mas os presos, os escravos,
Nada mais dirão, nem fugirão
Pobres homens, um dia bravos
Escravos amarão a escravidão

(Stéphano Diniz)
A poesia não morre

Você pode até matar o poeta
Mas não matará a poesia
Se esta for sua meta
Vá para outra folia
Você nunca conseguiria
Deitar a espinha ereta

Mesmo o poeta deitado
Continua a pena na mão
Mesmo o artista calado
Seus murmúrios ecoarão
Mesmo trancado o portão
O poema será recitado

Mesmo que rasgue o papel
A idéia ainda paira no ar
Mesmo que quebre a vitrola
Não conseguirás nos calar
Nossa voz é muito maior
A poesia recitada de cór
E não pararemos de cantar


(Stéphano Diniz)

sábado, 15 de junho de 2013


Criação veio malha, em um vazio rarefeito
Caiu um ser resmungão, nunca está satisfeito
Inventor deste tempo, e calha: pra tirar bom proveito
(mesurar, reprimir e moldar do seu jeito)
Medo vangloria o metralha, e esqueçam seu feito
Mal sabia o astuto. Somente quando surge o efeito
Na memória que falha: o Mistério perfeito.
Memória se fica quem seleciona é o Sujeito
Tentam calar a navalha. Buscam arrumar o defeito
Vai ficar de castigo, vai minguar no seu leito
Não há espaço que valha um viver sem direito
[nem no tempo justiça; nem no vento malfeito]
Se este fogo atrapalha, vamos falar em preceito
Água ardente esquece, faz do trabalho o Preito
Pode me abraçar a mortalha, mas eu nunca que aceito
- rabiscar teias no silêncio; guerras entre conceitos... -
Vou poetizar a batalha. Não existe tempo em meu peito!


José Tamuya

quinta-feira, 13 de junho de 2013


Lago grande a navegar e expor em candura
Expondo o Expoente de valentia indômita
Na inconformidade cômica que abraça o leito
No vazio existencial dos que navegam, e navegais
Mastro guia o leme rumo ao destino, ou porto nenhum
Compreender a inércia abstrata de cada caminho
E receber os carinhos dos cânticos sublimes,
Os Amigos ou Anjos... o velho e único afago
Na leveza de pluma que plaina a toda nova novidade
Pousa em pose à espera do vento, que leve o leva
[Qualquer direção inconstante e imprecisa]
Caminhos trilham, navegantes sem barcos
Inimigos nem sei se vão, se vêm ou mesmo existem
Na arca, no mito, nas feições das ideologias
Múltiplas cores esconde o arco-íris
Na navalha que corta o pulso, e Pulso pulsa
Espalha sangue em nervos incandescentes
Na brasa que alimenta esta fornalha, a alma

Tripulantes (doces e meros tripulantes) na nave espacial da vida
Especialmente (Especiais) por não aceitar, a resposta pronta
Ponto. Superficial atraente são os egos alçados em elogios
Na elegia deste presente tão vivaz, lúcido e lúdico

“Inocente, puro e besta”
Âmago de cósmica purpurina
Aprendendo aprender, entender e respeitar
Carpinteiros de um futuro incerto
[objetos do simples viver]
Assim ganhamos amigos, marinheiros e aviadores
(sempre foram e pra sempre serão)
Companheiros na incompreensão dos ditos loucos e
deste mundo
Bravos brandos navegantes, mentes flutuantes, Poetas
Apenas ...
Eternizando as canduras nas constelações interestelares
Ao observar as estrelas sob superfície, maremotos
Pois Verdade segue a lei da gravidade
Explode em palavras, deiscência ao amadurecer
Recalcitrantes ... se necessária ortodoxa permanece
Inatas no solo ... Esperando (aguardando) desajuizadas ao ambiente
Próspero, ao que o espaço lhe permitem ...

        O Amor transcendente: ao Belo e ao Bom
        Há Vida!



José Tamuya