Críticas relapsas a
embalsamar minhas palavras
Ah, a Palavra. Esse
pergaminho sem mar (feita de couro marcado).
Palavras, a Palavra um
ser inútil: incompleta e abstrata.
Nem em frases eu me digo,
me conto. Nem os livros me completam.
As escrituras me
desentendem, completamente.
Sou uma falta completa
de complementos: e Palavra.
Frias palavras.
Arremessando frias palavras, as Bocas.
Às vezes me engulo (em
sílabas e consonantes), quase sempre.
Sozinho. Ponto. Sem
virgula... sem infinitos.
Inutilmente me perco na Poesia. Os poetas estão mortos
[revirando no lixo das
palavras: suas mordaças, nossas mortalhas]
Será que nasci em tempo
errado? Passatempo. Passe o tempo da navalha.
Renascença de minha
aflição: Guilhotina e Palavra.
Quero/tenho a dizer
muito pouco, quase sempre Nada.
Nada me engrandece. Sou
apenas uma Palavra, sem palavras.
É inóspito o
(re)descobrir. Sou inútil e inóspito - fruto do mundo!
Vaqueiro sem boiada,
Guerreiro sem causa, Estudante descrente
[Amante sem amor, Pétala
sem flor, Manco sem muletas...]
Invento teorias e
ideias... Ideologias sem princípios,
Ideia.
Ah, as Ideias... Universo
das ideias. Não as vejo por hora, ou nunca.
Desisto facilmente do
que não vale a pena...
Que vale mesmo a pena? Ainda
não me (re)encontrei,
Neste corpo, neste
orgânico, nesta moleira, nesta vida:
Fossa transtornos e Coisas,
e/ou um Torneio.
Torneiro. Mas, nesta trincheira: Valo,
Nada!
(Iberê Martí)