Foi o meu primeiro beijo
Ou o meu último instante
Senti um infinito desejo
Puro o Eu, ou só amante
O tempo continuou
A distância se estendeu
Minha boca nunca falou
Meu peito nunca esqueceu
Hoje eu ando pelas estrelas
Ela com os pés no chão
Minha estrada é sem janela,
Encruzilhada pro coração
Às vezes me bate o juízo
Eu pulo na casa dela
Chego sem dar aviso,
E alimento a sua brasa
O fogo que nos concebeu
Caminha em trilho perdido
Sei que ela não percebeu
Nosso amor é sem sentido
Um do outro, o contraponto
Agarramos o tempo com
navalha.
Vamos vivendo o nosso conto
Entre desencontros e
igualhas
(Iberê Martí)