quarta-feira, 31 de julho de 2013

Depressão

Depressão

... e o que era cinza, se acabou em vermelho.

(Joana Cajazeiro)

terça-feira, 30 de julho de 2013

Raízes no chão


Estes pés no chão seguem o trilho
Não têm asas, guiam sem brilho
Não veem os anjos, nem suspirão delírios
Não reconhecem Imensidão
Contentes vivem sem expressão
Depressivos, carentes de indignação
Ilhas sem comunicação
Na Tele Visão, soberbia!


(José Tamuya)

Amanhã devagar


Amanhã quando a cinza
Baixar... cavalgar
De manhã
Manhã Cinza
De Esquerda, Direita pra trás
Caminha
Pro fim
Falsa ou Aquela
Nem velha, nem nova
UTOPIA!


(Julián Pierre-Henry)

Cativar


Um jardim pra vista se perder
Cultivado, irrigado com lagrimas
Flores tantas a florescer
Entardecer em uma manhã triste
Cativas que são cativos
Cativa que na primavera são melhores amigos
Basta canta-lhes suas cantigas
Entregar-lhes as inspirações de seus gostos
[e bel prazeres]
Delire com os Verbos, Pequeno Príncipe que és...
Pois quando o inverno chegar
As flores vão todas sumir
A primavera será apenas uma lembrança
Os cativados não se cultivam
E permanecerá só... apodrecendo
Agonizando sua angústia
Um inverno inferno interno
Eterno esse gene egoísta
Que cultivamos ao cativar
Não cativo mais ninguém
Nem me cativo a mim
Subtraio do Ego, seus valores
Abro os braços, estufo o peito
E abraço o Inverno: Cativo!


(José Tamuya)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O passado não me basta


Uma lágrima escorre deste momento cinza
Cinzas... são o que restam...
Não há mais chamas, não há mais lenha, não há mais brasa.
Somente cinzas...

Toda a claridade e calor no passado ficou.
O que dizem é mentira! 
A lembrança não aquece,
Só mostra o que o presente não é.

Chama, fogo!
Quero toda a sua intensidade,
Quero seu calor e dor,
Me aqueces novamente,
Renasça dessas cinzas, 
Me devolva à minha alma.


(Joana Cajazeiro)

sábado, 27 de julho de 2013

Madrugada


Noite intensa candura
Esta dama que consome
Madrugada fria e,
Escura

Mistura antiga moderna
Viver noite, Noite fraterna
Incômoda esse silêncio madrugada
Viva

Madrugada abrigo dos desocupados
Nela produz e sofre calada
Outros tempos reconhecerá
És luz

Clama madrugada zelo materno
Chama por ti, completa sublime
Como um guri descobre eterna
Namorada

Pois é em ti, Madrugada
Que a vida enxerga e caminha
Perfaz sozinha em o seu,
Silêncio

Madre, madrugada
No alvoroço Solidão
Coração tolo pula e saltita
Há tua presença

Sem a ausência dos mitos
Sustenta meu grito
Mudo e latente, Viva...
Madrugada Amada!


(Iberê Martí)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Virtulóides


Poetas cibernéticos
Mente em chips autoclaves
Vida em redes (des)neurais
Almas virtuais
Reguladores hormonais
Espectros a raio laser
Inteligências artificias
Sentimentos mecanizados
Alimentos petroquímicos
Alquimistas codificados
Passos criptografados
Linguagem computadorizada
Criaturas binárias ...
Modos em módulos programáticos
Transfusão de óleos sólidos
Hemodiálise em Máquinas
Sentidos multivariados satélites
Antenas controlam o homem,
que brincava. Oh, Deus!


(José Tamuya)

domingo, 21 de julho de 2013

O meu Eu menor


Não me diga o que fazer
Certo ou Errado... Não me tente
Não me tenhas, não lhe compro
Troco em dobro meu encantamento
O perfazer de nossa sina
Meu peito aberto,
pronto pro mundo. Ponto.
Na virgula as reticências
Da Vida e a existência
Este ser míope que esbraveja
O calo frio de nossas certezas
Não me encontro, nem te conto
Sou assim o avesso do prumo
Sigo sem rumo
Sozinho... ao caminho do paraíso
Monótono dos Solitários!


(Iberê Martí)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Silêncio


Particular o poder das falas
Medo nenhum conquista
O Estado amorfo
Calado

Feito Água fonte púrpura
Ao som sigiloso arraigado,
Segredo orgânico
Da Existência

Luz aos corpos celestes
Dilemas feios clareiam
Virtudes alheias em mim
Dentre Vícios

Até em Paz interior atingir
Fronte há Vida imortal ciclos
E (re)nascer em outros,
O Silêncio...

Metamorfose eterna dos Solitários!


(Iberê Martí)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Cadê as Bruxas...


Horizonte que vista, avista
Procuram imergir a conquista
Oceanos sonham as escondidas
Camuflam as almas reprimidas

Vassouras carreguem ao vento
Amaldiçoa, aprisiona outro relento
Rumo seguir? Qual a coordenada
Acompanhante a gargalhada

Pretérito imaginário sangrento
Apagamos a ideia e o movimento
Plantamos espinhos nas flores
Acorrentamos bordões, meros valores

Amores formulem nova rebeldia
Cigarras ciganas em cantoria
Desejos, poderes viril contento
Deserto frio, silencioso rebento

Saltimbancos de vossa magia
Vestes vestidos vasta alegoria
Visionárias, videntes da natureza
Amantes cândidas da pura pureza

Perdido em terra, céu e mar
Navegante idealista a navegar
Caminhando relva molhada
Jangada sem prumo, encruzilhada

Dolorosas e notórias fantasias
Acalentam o destempero dos dias
Nas cinzas as asas da inquisição
No peito pula, redime à exclamação

Aonde andam? Cadê as bruxas
Inocentes sorrisos e suas astúcias
Primavera ou em outra estação
Pra donde sopro meu coração!


(Iberê Martí)

Poti Poeta


Poti era indiozinho cabaça de cuia virada
Pescava com timbó, e seu arco sua flecha
Apontava sua lança pro céu ao espacionalizar o infinito
Acreditava em vida extra terráquea e, convencia árvores e caramujos
É sempre repetia: Eles (os de outras galáxias) são legais!
Seu cocar era um disco voador, espaçonave: amorfo coração
Metabolizava no imaginário sua levada inconsistência
Produzia hormônios pra encantar seu crescimento
Em síntese, em suma carregava cabeça virada
[de cuia, e Oca sem teto cerne oco]
Meristema jenipapo criava verbos com pernas de maritacas
Um dia desajuizado comprou máquina de fabricar Solidão
 - pensou ser possível transfigurar a função de uma máquina de sorvete.
Água em gelo, é a essência dos solitários
Encabeçou cuité em seu frio projeto
Descobriu que a sociedade nada mais é uma ilusão coletiva
Poti, menino índio, conseguiu aprumar seu juízo; produzir solidão
É revendeu aos astronautas. Canoas de casca de jatobá
Poti, agora era, o pseudônimo de sua carência
Vivia na selva das ideias, no rio de pedra, na floresta cibernética
Flores e janelas cultivando remar a solidão na lua
Poti pensou e disse: que não tenho, Eu; Invento
Solidão não se faz em presença/ausência
Em resumo é a falta do sumo cítrico nos olhos,
transpirando distâncias Poetizas e Sonhos...
Amigos transdimensionais transbordavam seu abandono
Cabaça cabeça de Vento em cuia cuité,
Menino Poeta Poti!

(José Tamuya)

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Dança do Mundo Novo


Era um Tempo semi-coberto, um tempo sem tempo, um templo sem teto. Açúcar mascavo reescrevendo o alfabeto. Relendo a gramática no tempo dos espertos. Solitárias, árvores raízes e flores, enfeitando o concreto. É o vestígio velho dos ranzinzas nos convidando pra bailar...

Era um Clima feio e frio. Sem inter-relações humanas: um vazio sombrio. Era a temporada dos virtuais cibernéticos. Mensagens subliminares pseudo controlando o imaturo hipotético. É o vestígio dos amargos nos convidando pra sambar...

Era a estação das mudanças climáticas. Calendários botânicos desdizendo a estática. Era a idade dos acontecimentos. Dos ciclos sagrados, de nosso crescimento. É o vestígio dos antigos amargurados nos convidado pra cantar...

Era a época das revoluções. Dos rebuliços, de vasculhar os porões. Era a Era das transfigurações. Dos monopólios e concentrações. De enfeitar Palavras outras concepções. Era o espaço das aglomerações. É o vestígio do sagrado nos enganando pra dançar...

Era o ponteiro do relógio apontando, as multidões em relações Horizontais chegando. É novos valores, vícios maneiras (vãs) nos alimentando. A cintura dura, de tão madura, apodreceu. É o vestígio ancestral estancado querendo a música calar...

Era o Nada amorfo, e tudo parecia confuso, triste medonho e difuso... mas o vento de agosto abraçou o meu rosto em pleno mês de julho. Enfim acordei, pra uma nova Utopia, dancei sob plumas a sonora melodia. É quem largou os Vestígios no canto, cantarolou a transgressão da Poesia...

Era o Ventre do conhecimento cheio de luz, água e energia. Radiante percorrendo novos trilhos caminhos e dias. Era o suspiro arrepiante (de doce gosto), nas ruas um Mundo Novo ansioso por gestar...


(José Tamuya)

sábado, 13 de julho de 2013

Contraponto


Escrever é o último suspiro da alma
É quando respira o que a garganta não suporta
Lançar mão no contraponto histórico,
[amarrado no fundo do peito]
Enxergar a visão além de formas quadráticas
Absorver o mundo por um modo anti-ângulos
Passear no cosmos sem as leis da metafísica
É acreditar no silêncio do que seria permitido
Tocar a ferida, machucar o machucado (...)

Escrever é abrir o escuro, apontar o prumo na luz
Mastigar espinhos, observar a fragrância rosa
Flutuar no mundo místico sem precisão de alucinógenos
Entregar de bandeja aos cegos a própria cegueira
Andar por entre nuvens, caminhar no sideral espaço
Avistar o disco voador e comunicar com as estrelas
Morrer vivendo, é dar vida as Palavras
Costurar outros trilhos, rabiscar as escrituras (...)

Escrever é tecer uma nova maneira, burlar as profecias
É conversar com deus no mesmo paralelo horizonte
Abraçar o divino sem necessárias vertigens
Convencer a si mesmo, festejando os Sonhos de Morfeu
Amar a vida sem substanciar Afrodite
Sentir paixão sem lutar com Dionísio
Pulsar poesia como fazem os vagalumes, os pirilampos
É criar um novo universo simbólico, vomitar no emblemático (...)

Escrever é desencontrar o nexo, anexar a imaginação
É vogar sem remos pelo pulsar do coração
Boiar nas incertezas, desfazer a solidez
Polir o gasoso, abrilhantar a inocência
Partir o fruto, dividir a soma
Monumentar a multiplicidade, acalentar o acaso
Encontrar com o futuro, e fugir do passado
Rememorar a fantasia, evocar os duendes

Escrever é a Arte construtiva de delirar sob a superfície,
sem plano, polidimensional do Impossível!


(Iberê Martí)

O Menino e O Tempo


Um dia, em certo lugar (ou em vários lugares) havia um Menino, nem triste e muito menos solitário: um menino feliz; apenas um problema o atormentava: O Tempo. O Tempo que lhe roubava o jogo-de-bola por que era hora do almoço; O Tempo que lhe furtava a convivência com os amigos, justa e justamente, na hora mais legal da brincadeira: pois tinha que ir a escola; ou cortar o cabelo. O Tempo que terminava com a brincadeira–de-roda ou de esconde-esconde por que era hora de dormir, de deitar: por que Ele (O Tempo) estaria esperando ao amanhecer. O Tempo interrompia cada instante de felicidade do Menino: parecia um inimigo: um inimigo oculto, que apenas os adultos conheciam. O Tempo era muito chato, e o Menino queria conhecer O Tempo e conversar com ele, ter um dialogo franco (ainda menino e já tão audacioso). Entrar em comum acordo pensava o Menino: - “quando conhecer O Tempo vou perguntar por que tem tanto prazer em conter meus momentos de alegrias! Vou sim, vou perguntar a Ele.” Pensava e a si mesmo respondia.

Mas, o Menino era muito atento aos detalhes e as conversas dos adultos. Em uma dessas, escutando (ocultamente) uma conversa de adultos, ouviu um segredo: os Velhos são sábios. Logo pensou: se Sábios, então devem conhecer esse tal de o Tempo. E daquele dia em diante, iniciou uma busca infinita (sem preocupar com tempo). Em todos os lugares que pairava passear, perguntava a alguém que lembrasse um Sábio: -“Quem é esse tal o Tempo? Quem é Ele? Onde Ele mora? Posso conversar com Ele? Preciso, necessito conversar com O tempo!” E mais um monte de perguntas. Muito tempo passou, e o Menino cresceu: sem nunca haver encontrado, com um único Sábio, a reposta de sua simples pergunta.

De tanto tempo, tornou-se adulto. O Menino agora, já não quer conhecer o Tempo: sua morada, sua fisionomia, suas respostas ou fazer lhe perguntas. Tornou-se obediente ao melindroso. Ficou preso aquela monotonia adulta e desde então o que fazia - o antes Menino que se tornará adulto - feliz era justamente o Tempo: e não cansava de repetir: -“Oh! Mais esse Tempo com sol me deixa muito feliz. Oh! Mais ontem eu estive um instante de Tempo com um amigo antigo, de infância, e isso me deixa muito feliz. Oh! Hoje eu almocei em Tempo, em cima da hora, nem tive tempo de daquele cochilo pós-refeição. Oh! Queria tanto ir ao aniversário de meu melhor amigo, mas acho que o Tempo não vai deixar.” E sem perceber, sempre faltava tempo de ser feliz, de observar as minucias do cotidiano e as cores das flores nos canteiros, por falta de tempo.

O Menino passou a controlar a vida dos outros meninos (filhas, filhos de vizinhos e amigos, sobrinhos) utilizando o mesmo artificio, o Tempo, que lhe tirava a alegria quando ainda criança, Menino. O Tempo, de pendulo, tornou-se o fio de sua vida, o fio (o Sujeito) de sua história. Pois um determinado dia, embutido e apressado de Tempo, perdeu a hora e não chegou a tempo de ver a apresentação de sua filha mais nova na escola: e a escola estava cheia de adultos controladores do tempo: que não permitiram que o Menino assistisse a apresentação. Tentou argumentar explicar, resolver, mesmo após tanto tempo, não havia perdido aquela audácia de menino. Pouco adiantou: o relógio é cruel e frio: “ele só anda de ida”, dizia o poeta, Manoel de Barros.

Desistiu de lutar, e cabisbaixo saiu pelas ruas sem prumo, sem rumo, sem tempo: a caminhar. E recordou de quando menino e as perguntas que faria ao Tempo caso um dia encontrasse. Sorriu (um riso tolo) e pensou: -“Quando era menino, vivia descontente com o Tempo. Com o tempo, O Tempo venceu: agora aqui estou eu: me entreguei ao Tempo, e é essa sua gratidão?”... Caminhou, e caminhou, tanto que nem percebeu que se aproximara daquele antigo Lago, que frequentará quando criança, onde lançava pedras na água para observar os círculos que se expandiam como se enfrentando o Tempo e a gravidade: a qualquer hora o movimento era o mesmo, com a mesma calma, a mesma destreza e a mesma precisão. Às vezes redirecionada pelo vento – a reação em revoltas na água do lago.

Assustou-se quando viu uma velha Figueira; aquela mesma Figueira onde se escondia dos adultos quando queria ser dono de seu tempo e que se tornará sua fiel confidente contra os desmazelos do Tempo. E sussurrou: “Você ainda está ai? No mesmo lugar? Como esses mesmos cabelos se entrelaçando no chão? Há quanto Tempo, não tenho tempo, para nossas sublimes confidências. Eu não sou mais digno de ti: minhas confidências agora são de repressor, não mais de reprimido. Não sou digno de ti amiga e confidente: Figueira.” Abaixou a cabeça, com ânimo daqueles que aguardam a injeção letal, consequência de um instante de tempo em que errou, e que foi condenado pelo juiz tempo. E já pensava em partir com sua indignidade para outro lugar, onde o Tempo não remetesse aquela liberdade perdida.

Foi quando ouviu uma voz: - não se avexe com o Tempo; o Menino ainda está vivo, ai dentro de você. Você que buscou tantas respostas e que fez quantas perguntas. Entretanto esqueceu, que o segredo que os Velhos Sábios se esqueceram de lhe contar é que os meninos, as crianças sempre se esquecem do Tempo. Este é o seu segredo, essa é sua resposta. Agora que tem a resposta, conte esse segredo a todas as crianças que atravessarem o seu caminho, faça uma nova geração: ainda há tempo. Pois os adultos já foram sepultados pelo invisível, inalcançável e terrível: Tempo. Conte o segredo, espalhe pelos quatro cantos: o segredo para ser feliz é não buscar a felicidade no tempo- é esquecer! O Tempo não pode com as crianças, com os meninos e meninas, confidenciou certa vez Mário Quintana:

Tempo

"O despertador é um objeto abjeto.
Nele mora o Tempo. O Tempo não pode viver sem nós,
para não parar.
E todas as manhãs nos chama freneticamente como um velho           
paralítico a tocar a campainha atroz.
Nós
É que vamos empurrando, dia a dia, sua cadeira de
rodas.
Nós, os seus escravos.
Só os poetas
os amantes
os bêbados
podem fugir
por instantes
ao Velho… Mas que raiva impotente dá no Velho
quando encontra crianças a brincar de roda e não há outro jeito senão desviar delas a sua cadeira
de rodas!
Porque elas, simplesmente, o ignoram…"

(Iberê Martí)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Refúgio dos Calados

Desde criança tive um querer de borboleta
Sempre olhei além da metamorfose, fronte a vaidade
Enxerguei o óbvio e muitas vezes ecou um grito cego
Auto-amputei diversas maneiras e regenerei feito calango
Aprendi esquecer, e a doutrinar o ego
O tempo passou, os anjos surgiram, já estava cansando
Sumiu o Eu, brotou no peito solidão
Agonizo a inércia no Refúgio dos Calados!

(Iberê Martí)

Da crença no amanhã


Do meu mundo dos desejos vejo um amanhã nascer em tons alaranjados e de lilás. 
Cores misturadas por entre as nuvens, 
compondo um arco-íris disperso em gotas de céu,
[que emanam um delicioso aquecer o frio da noite que se despede.] 
Nesse amanhã existem frutas deliciosamente coloridas e
[com saborosas notas de um doce azedo amargor que desperta o paladar.]
Vejo pássaros e borboletas compartilhando as cores celestiais,
[dançando displicentemente por entre as camadas de ar.] 
Sinto cheiro de terra recém molhada, pronta para vivificar o mundo.
E junto a tudo isso sinto uma respiração a me acompanhar... 
Ouço a inspiração de um sorriso que sonha meus sonhos e que ama meu amor.... 
Vem, chega logo amanhã!


(Joana Cajazeiro)

domingo, 7 de julho de 2013

A criança de minha alma


Por muito tempo sonhei sonhos infantis...
Sonhava com princesas,
em morar no mundo das maravilhas,
num lugar que tivesse rosas, violetas e jasmins.

O tempo passou, e comecei a sonhar sonhos de adulto...
Sonhava com um grande amor,
em morar numa casa no mato,
com quintal bem grande, com frutas, borboletas e um jardim.

Pobre de mim...
Só agora percebi que sonhos jamais mudam,
Sonhos são sempre infantis.


(Joana Cajazeiro)

sábado, 6 de julho de 2013

Eu tô com saudade


Eu tô com saudade da minha terra
Conversar coisas simples sobre monte e a serra
De caminhar pelo diversificado cerrado
E (re)descobrir as curvas do rio dourado

Eu tô com saudade é das pescarias
Dos frutos do mato, e das profecias
Com vontade de retomar a infância
Que persiste na vasta lembrança

Eu tô com saudade da inocência do campo
Dos papos com os matutos e os pirilampos
Dormir na rede dos ensinamentos divinos
Correr pelas ruas como bobo, menino

Eu tô com uma saudade da madrugada
Da minha gente e da mulher amada
Moças que conversem sobre fantasias
Que gostem simplesmente de cantar alegria

Eu tô com saudade dos frutos do varjão
Saudade do mitos, pata de onça no chão
Tamanduá dando bandeira no meio do sertão
Bicho-preguiça e do apertado aperto de mão

Eu tô com saudade é de conversa sadia
Convencer jatobá quanto a sabedoria
Molhar o pequi, secar murici
Catar a castanha, fazer suco de buriti

Eu tô com saudade é da cantoria
Na relva molhada cantar a cotia
Saudade do tempo sem saber o destino
Fazer da encruzilhada o meu maior ensino

Eu tô com saudade é do Araguaia
Da água doce, da lua na praia
De tecer cordas com fibras de poaia
Caçar ariranha e armar a tocaia

Eu tô com saudade é da vasta inocência
Do povo da terra e sua vivência
Da chácara renascida que tudo produz
É do conhecimento que nos conduz

Eu tô com saudade das histórias do garimpo
Do futebol sem gramado, sob o cascalho limpo
Saudade do povo que foi oprimido
Ser apenas mais um, mas um esquecido

Eu tô com saudade é da valentia
Do espinho de tucum, da soberania
Do leite de mangaba, depurativo inharé
Viajar sob as águas como o mureré

Eu tô com saudade é das amizades
Estou com saudade sentir irmandade
De fazer da vida um passeio interno
Da Vida que um dia foi prazer eterno

Eu tô com uma saudade danada é da minha Terra,
Natal e materna!


(Iberê Martí)