segunda-feira, 30 de março de 2015

Meu Araguaia, nosso descanso

Meu Araguaia, nosso descanso
Minha rede é berço em vossas margens
Majestade, símbolo de vida, altar dos poetas.
 Virgem Ilha fluvial e teus Carajás
Imenso bananal de árvores e bichos,
e abelhas nativas livres de ferroadas.
Tua lua reluz mais próxima da terra
quando entre folhas desponta,
A floresta, os céus e as águas
E o pescador margeia te a remo
navegando lento, suave e calmo,
no silêncio do leito que corta...
A canoa e o canto dos pássaros
Voando igual a imaginação que desperta!
Araguaia é metade rio, metade descoberta
Metade verdade, e a outra margem é lenda
Rio de areia, água rasa, que surpreende
Sinto saudades de ti, distante e alheio

Da ganância e das mãos, que lhe devoram

(Iberê Martí) 

sexta-feira, 20 de março de 2015

O Velho Faroleiro


Eu queria um dia ser
Como um velho faroleiro
Que ama aquele cheiro
Da água salgada do mar
Orienta as embarcações
Ilumina os corações
De quem está a navegar

Pois o velho faroleiro
Não sofre de solidão
É amigo das gaivotas
Das ondas, das ilhotas
Do vento, do mergulhão
E logo ao baixar do sol
Ele sobe em seu farol
Iluminar a escuridão

Já que o velho faroleiro
A vida, ele já venceu
Ouve estórias do vento
Lê estrelas no firmamento
O tempo ele compreendeu
Não sente falta da cidade
Nostalgia não, só saudade
De um tempo que se perdeu

Aliás, o velho faroleiro
É um eterno aprendiz
Lá o tempo não passa
Não precisa de trapaça
Ele cria a própria raiz
Possui a paz interior
Pois aquele velho senhor
Aprendeu a morrer feliz


(Stéphano Diniz) 

quarta-feira, 18 de março de 2015

O Mercador de Sonhos


Um jovem sonhador
Queria um livro publicar
Um dia, viu um senhor
Um rico, comerciante
O jovem, já confiante
Perguntou ao mercador

Sou um jovem escritor
Um menestrel, um poeta
Um vate, um trovador
Quero publicar meu livro
Sobre o mundo que vivo
Preciso da ajuda do senhor

Ora, respondeu o mercador
Poetas por aqui são raros
São difíceis de encontrar
Mas os sonhos são caros
Pra não ficar sem amparo
300 conto pra eu publicar

Você nunca me ajudaria
Quer é me vender ajuda
Enriquecer em minha avaria
Vou ficar com meu sonho
Pois canções que componho
É sonho e não mercadoria

O jovem seguiu a cantar
Suas poesias, suas canções
Para o céu, horizonte, luar
Versos de alegria ou lamento
São tão livres como o vento
Não tem preço pra pagar


(Stéphano Diniz) 

rumo à casa



ás vezes a gente anda em estradas desconhecidas
pelo prazer de deixar de chamá-las de "desconhecida"
às vezes, a gente tropeça numa pedra por não prestar atenção
... ou faz por intenção, e ter algo pra poder falar sobre...

às vezes a gente não entende nada do que está acontecendo
e pode ser que a gente entenda menos por tentar entender...
às vezes, o que nos acerta é feito bala perdida...
outras, a gente escancara o peito e se entrega ao que há de vir...

o ser humano é diferente, age diferente...
peca pelo prazer, peca por deixar de fazer
inventa caminhos longos por temer ser rápido
corre num ímpeto invejável por temer ser lento

você vive um caminho, quer que esse caminho te leve pra casa...
não sabe se vai chegar pro almoço, ou no silêncio da madrugada
chegar de mansinho, mas com vontade de acordar a todos
será que dá pra entender? 
quando o simples vira complexo por tanta informação...

abra tuas portas, aceite o sentimento...

(Lucas Amâncio)

quinta-feira, 12 de março de 2015

MERCADORIAS



O filho vende geladinha
A mãe vende o corpo
O pai a força de trabalho
Cada um vende o que tem
Ate a vida para não morrer
Há os que se vendem
Para ter mais
Não merecem consideração
Não valem o que recebem
Há os que lutam
Para que se acabe as vendas
Estes, as vezes, não encontram
Lugar no mercado
E são mortos.


(Valdo da Silva)


domingo, 8 de março de 2015

Dos desperdícios do Ser



Tenho um atraso de nascença em cuidar de outros,
Antes de mim. Sou o extremo do individualismo
(Deve de ser algum distúrbio que o consumismo provoca)
Toda ação sem reflexão é ação, apenas
E suas consequências, positivas ou negativas,
jamais devem ser exacerbadas, de orgulho.
No fundo do quintal da minha casa eu auxilio no cultivo vida
Me transbordo em encantamentos com as cores e formas da biodiversidade
Enveneno todos os dias minhas companheiras plantas com palavras.
Adubo elas com amor.
Praticar agricultura natural é uma forma de subversão.
(E funciona! Estou colhendo os frutos da liberdade)
Na Ordem a natureza veio antes, e o que convém?
Não quero ser super, nem herói. Ando visitando a pequena mercearia da esquina.
O homem é seu instinto controlador.
Mas quem vai ter o dom, de controlar o homem,
no dia que suas ilusões caírem em desuso!?
Ao negar a normalidade foi exilado no mundo da Lua. - seu herege.
São Jorge é meu tutor, alimento não me faltará.



Iberê Martí