terça-feira, 14 de abril de 2015

Eu devia ouvir a mim mesmo



O cachorro vai me pegar
O galho não vai aguentar
Na curva eu vou cair
A rede agorinha vai virar

Ô povo teimoso
Ô povo enjoado
O desastre anunciado
E fulano todo desleixado
Só vê quando tá lascado
O cadarço desamarrado
Esse leite já azedado
O sol todo ardido
O guarda-chuva escondido
ô povo teimoso
ô povo enjoado
Depois a culpa é do destino, coitado
Fulano pragueja aos quatro ventos o azar de ser azarado
Quando podia olhar pros dois lados
Depois vai dormir injuriado
Quando eu começar a ouvir o que eu digo
Paro de trupicar na calçada
Ter dor de barriga do nada
Bater o joelho na cadeira
E dormir de cara amarrada.


(Mário Paulo A. Hennrichs)

terça-feira, 7 de abril de 2015

Sensatez



Eu só queria te ver feliz
Gritaria versos como louco
Atravessaria a pé o país
Só pra te ver um pouco
Pareceria uma estupidez
Isso não seria sensato
Mas o amor é maior
Que a sensatez


(Stéphano Diniz)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Uma sede

Uma sede que água não mata
Na hora de desfazer a bagagem
Saudade que bate da estrada
Depois que voltei de viagem
As vistas ficam cansadas
De ver tanta vista parada
No rosto, saudade do vento
Nas pernas, saudade do mundo
No peito, saudade de um tempo
Que meu espírito vagabundo
Pelo mundo, podia vagar
Rodar, rápido ou devagar
Sem parar, sem parar, sem parar
Existe a ressaca de bebida
Mas eu me embriaguei de vida
A ressaca é da viagem regressar


(Stéphano Diniz)