terça-feira, 2 de junho de 2015

Lavas



Eu sei que deixei por ai
Pandeiro, amor e tempero
Deixei sabor e saudade,
um monte de vaidade
e com muita alegria vivi.
Ainda não me esqueci
E quando me lembra
Corda míngua e vida bamba,
e tantas escolas de samba.
Aquarela e desespero, sorri.


Por nada, agradeço
Nada posso apagar,
O sincero é sem preço
Pouco reclamo do azar.
E se caminho calado
Somente quem está
ao meu lado. Reconhece
aonde pretendo chegar.
É que meu dom é sonhar...
Culpa eu de não aceitar,
pra onde vá o mundo
"A vida como ela é",
até que esforço e entendo
As vezes finjo de surdo
As vezes prefiro calar.


Minhas marcas são letras
pequenas. Rascunho e contraponto
E quando acho um desencontro
Recuo. Não sei se estou pronto!
Porque na terra existe veneno
Mas o destino é pequeno
E o Tempo há de me devorar.
Nunca que eu admito, sorte
E se me vestem de mito
minto, e disfarço com nariz
vermelho, meio de palhaço.
No silêncio retribuo o abraço
Entretanto eu sei que o meu
Olhar, não é como dantes.
E meu sorriso vazio, vaga
Longe, um tanto distante
É que no lugar que estou
Já não suporta o “eu”...


Quem Estrada confidente?
Coração vagão lotado, 
conforta e quando transborda
gente lutando ser gente.
Mas um dia chega há hora
O bornal, é melhor ir embora
Pra distante daqui, um lugar
molhado. Com saber de “caqui”
Lavas as letras agora, e se vou
(Sinto saudade, derradeira seresta)
Partilhar lágrimas, eu pouco aprendi!


(Iberê Martí) 



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