sábado, 4 de maio de 2013



  A Estrada é realmente fascinante. Anda rápida, avante o Horizonte. Pelas estradas da vida, os sinais e os vestígios de um tempo inacabado, incompleto pela ausência da Falta. Pela certeza do Certo. Na razão da Verdade. No divino encorpado um escopo do será o Amanhã. No destino futuro as duvidas do presente e o que Contém. Falta, falta. O que falta é o Amor e a Humanidade ainda não experimentada pela Estrada que busca apenas o Belo e o Bom. Neste Banquete farto, falta muito a caminhar. E, Eu, um pé de Macaúba?
         Viajando em busca do novo e das incertezas desta vida mal vivida. Olhando pro lado, na janela de vidro que separa o Verbo e a Natureza. Vejo encorpadas Macaúbas resistindo bravamente ao pastejo e os desertos homogêneos do dito e redito: Progresso; Desenvolvimento. Ali, elas (as Macaúbas) cumprem seu papel, ao reivindicar a lembrança de um tempo em que havia mais Mata que morte. Mais vida que Ilusões. Muito mais alegrias do mero concreto. Muito, muito mais morros ricos em beleza que pedaços de papel: “o dinheiro é um pedaço de papel?”. E, Eu, um pé de Macaúba?
         Por que vivem solitárias as Macaúbas? Pergunta que poucos, pouquíssimos fizeram. (Entre aqueles que reconhecem um pé de Macaúba). O “chiclete-de-pobre". O coquinho verde deleite das araras. Ficam paradas no tempo. Não conseguiram derrubar? Não conseguiram queimar? São teimosas temidas e destemidas as Macaúbas. É lutam bravamente com seus espinhos e seu silêncio: de Planta que sente, que tem sentimento. Existe vida cósmica? Ainda têm  muitas respostas a nos trazer. Muito mais perguntas a responder. E, Eu, um pé de Macaúba?
         Tenho quase duvida se existe uma única Ideia original? Um único lapso sortudo que não venha do acúmulo histórico da história. Mas, como somos desprovidos de dúvidas. Carregamos sempre o Certo e a Certeza. Quanta beleza em Acreditar? Quantos Egos entranhados nos espinhos. Logo o ego, vil e sorrateiro: quanto o mar! Entretanto, a mudança não começa agora. Nem ao menos temos dimensão de quando começou. Vida. Antes cósmica que nunca, vai adiante. E, Eu, um pé de Macaúba?
         Pois não que quisesse o Destino melindroso me colocar aqui. Nesta terra, neste lugar, neste Tempo e Espaço. Sem espaçonaves no céu. Sendo as inúmeras Novas e radiantes Perguntas o meu vasto caminho incerto. Uma fagulha do cosmos que em delírios busca na Falta do que nos sobra: talvez outra possibilidade. Seria covarde e condizente, como Verbo e Macaúba deixar me enganar pelo Ego. (Este miserável que nunca me compôs - por inteiro). Pois, na história materialista nada fica e tudo passa. E, Eu, um pé de Macaúba?
         De fronte com mim mesmo um Lago. Lerdo, largo e sereno. Um lago parado, morno e morto. Lindo e lírico. Mas no fundo do lago o Lodo. Não se assuste meu Amigo (não cultivo: Inimigos). Não se afaste Companheira (meus espinhos contém mel). O palmito da macaúba é doce, por este motivo os espinhos (proteção? Igualmente o palmito do tucum tão apreciado pelas tartarugas). Vitimas na construção deste método do Medo. Não. Inexistem Vítimas. Somos todos em partes culpados. Pelo sangue derramado. Pelas vitimas e morticínios. Pelo bem e pelo mal. Difícil admitir? Jamais condizente. E, Eu, um pé de Macaúba?
A Estrada segue adiante. Vai percorrendo o Horizonte. Ampliando-se em dúvidas e incertezas. Lago, Lodo e Nada: nadam. Engana-se quem assim não se vê. Quem não se autoavalia. Mentir para si que as Macaúbas ali pela bondade reluzente dos Verbos? Um pouco de paz. Jamais seria esta a resposta. Jamais! No entanto por que as Macaúbas ali, sem deter de nenhum valor honorário? Sem nenhum poderio econômico? Economize as certezas, e tome posse (em pose) das dúvidas. Lago morto: Mentira e Lodo, não. Incomodando a sustentabilidade do Desenvolvimento. Na Falta a utopia do que não existe, o Amor: o Belo e o Bom. Amamos o que não temos. O Forte não ama sua força. O Fraco não ama sua certeza. A Macaúba não ama seus espinhos? Relutemos amigos. Quando a Razão nos entregará de bandeja? Em fartura e abundância: Amor e Humanidade. E, Nós, pés de Macaúba?

(Iberê Martí)

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