sexta-feira, 9 de março de 2012





Não, não foi surpresa o que Messi fez hoje. Apenas foi Messi. Foi apenas mais um jogo. Eu disse “apenas”? Como assim? Não, não é normal. Incrédulo, fico aqui, nessa cadeira, sozinho, revendo o seu comportamento e até esqueço os seus lances geniais. Messi tem algo a nos ensinar, uma mensagem enigmática nesses tempos de mudança, de ‘rEvolução’.
Messi é um jogador de futebol? Então tentam compará-lo com outros. Impossível! Jogador é quem joga, e ele não. Ele brinca, dança, se diverte, faz o que ama com paixão. E aí está a contradição, no ‘mercado’ do mundo, do futebol, é possível amar?
Encontrar adjetivos (coisas de tolos) é desnecessário, ineficaz, talvez diminuir a beleza ao nada, como já dizia Manoel de Barros. Os nomes, os adjetivos, apenas reduzem a essência do Ser. Não serei eu (criminoso?) de tal despautério.
Quero é compreender como consegue esconder ou ‘driblar’ a beleza (do mais belo gol) em um sorriso simples, em um abraço de gratidão aos companheiros. Gratidão? Devemos a ele, poder acompanhar cada detalhe de seus lances, em um mesmo tempo e espaço, “dês-graças” à tecnologia do mundo globalizado, a globalização.
E, mais majestoso do que seus lances, é sua concepção de disputa, de batalha. Messi não reduz o adversário. Ao contrário, engrandece, dignifica com a lealdade de herói. Talvez isso que incomode o mundo da competição. Não é humilhante perder de 5, 6 ou 7 se existe o respeito mútuo. E o que é respeito ao próximo se não o respeito próprio? O que é o esporte se não um lazer, diversão, alegria de viver. O que é a vida sem alegria?
Messi cospe no “pão e circo”, desafia o "sistema" sem pronunciar ou escrever uma única palavra. Seu olhar honesto tem um ar de Che. Abaixar a cabeça, evitar o confronto não é sinal de medo ou omissão. No momento oportuno, desviar o olhar é compaixão. Não devolver um pontapé, não revidar um xingamento, somente os fortes conseguem. Os que realmente acreditam em seu melhor.
    Messi devolve a arte ao futebol. E arte não tem pátria, gênero, credo, cor, religião...Arte é um bem universal. O mundo moderno já exemplificou que o meio é quem define o ser. Quem plantou essa semente foi Cruyff, com a preterida Filosofia, contrariando as Leis dos Reis da Economia. Não sejamos econômicos, a natureza requer uma visão holística. Messi não é maior, nem menor, é apenas um Sujeito, um Ser Humano, representante da unimultiplicidade, nesses tempos de “coisificação". E realmente, tem muitas coisas a nos ensinar.


(Escrito por Iberê Martí)
 (Foto: Reuters)


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