Messi é um jogador de futebol? Então
tentam compará-lo com outros. Impossível! Jogador é quem joga, e ele não. Ele
brinca, dança, se diverte, faz o que ama com paixão. E aí está a contradição, no
‘mercado’ do mundo, do futebol, é possível amar?
Encontrar adjetivos (coisas de
tolos) é desnecessário, ineficaz, talvez diminuir a beleza ao nada, como já dizia
Manoel de Barros. Os nomes, os adjetivos, apenas reduzem a essência do Ser. Não
serei eu (criminoso?) de tal despautério.
Quero é compreender como consegue
esconder ou ‘driblar’ a beleza (do mais belo gol) em um sorriso simples, em um
abraço de gratidão aos companheiros. Gratidão? Devemos a ele, poder acompanhar
cada detalhe de seus lances, em um mesmo tempo e espaço, “dês-graças” à
tecnologia do mundo globalizado, a globalização.
E, mais majestoso do que seus
lances, é sua concepção de disputa, de batalha. Messi não reduz o adversário. Ao
contrário, engrandece, dignifica com a lealdade de herói. Talvez isso que
incomode o mundo da competição. Não é humilhante perder de 5, 6 ou 7 se existe
o respeito mútuo. E o que é respeito ao próximo se não o respeito próprio? O
que é o esporte se não um lazer, diversão, alegria de viver. O que é a vida sem
alegria?
Messi cospe no “pão e circo”,
desafia o "sistema" sem pronunciar ou escrever uma única palavra. Seu
olhar honesto tem um ar de Che. Abaixar a cabeça, evitar o confronto não é
sinal de medo ou omissão. No momento oportuno, desviar o olhar é compaixão. Não
devolver um pontapé, não revidar um xingamento, somente os fortes conseguem. Os
que realmente acreditam em seu melhor.
Messi devolve a arte ao futebol.
E arte não tem pátria, gênero, credo, cor, religião...Arte é um bem universal. O
mundo moderno já exemplificou que o meio é quem define o ser. Quem plantou essa
semente foi Cruyff, com a preterida Filosofia, contrariando as Leis dos Reis da Economia. Não sejamos econômicos, a natureza requer uma visão
holística. Messi não é maior, nem menor, é apenas um Sujeito, um Ser Humano,
representante da unimultiplicidade, nesses tempos de “coisificação". E
realmente, tem muitas coisas a nos ensinar.
(Escrito por Iberê Martí)
(Foto: Reuters) |
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