sábado, 10 de março de 2012




O poema mais bonito
Ainda não foi escrito
Seu autor é desconhecido 
Morreu antes de haver nascido 
Foi declamado em praça pública 
Por um mudo 
Em homenagem aos surdos 
Um cego ao ver aquela cena 
Chorava que dava pena
Era o dia dos anormais 
Doentes físicos e mentais 
Paraplégicos e epiléticos 
Aplaudiam enérgicos 
Neuróticos e psicóticos
Vibravam eufóricos 
Cancerosos e leprosos 
Sentiam-se vitoriosos 
Lunáticos e neuropáticos 
Gritavam enfáticos 
Poetas e profetas, cabisbaixos 
Não entediam a mensagem 
O canto foi aos presídios e hospitais 
Alegavam os oprimidos 
E confundia os intelectuais 
Manetas escreviam a letra 
Em cadeiras de rodas e muletas 
Só um sonho 
Despertei pra loucura da vida real.


        Valdo da Silva

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