Talvez em Minas
Eu encontre a poesia
Alegorias e desconhecidas
presenças
Encantados espíritos
de suas crenças
Duendes templários
vasto mundo
imaginário
Fadas em doses, em
cachaças, de fantasias
este sol que irradia...
possibilidades a cada
amanhecer
Talvez em Minas
Eu reconheça a
rebeldia
Dentes roendo a
corda, a tirania
Desses morros
tortuosos
Sinuosas cantorias
Descrevendo os
horizontes
Ouro verde nestes
montes
Paz em silêncio suprimindo
Os pesares que vêm
vindo
e que se vão...
Talvez em Minas
Eu descanse em braço
aberto
maneirismos de
caboclo esperto
Amizades brotam sem
terno
deleitam doces-de-leite
materno
E queijos que minam,
na terra
em fontes no canto
da serra
Os gostos nas
identidades e traços
dos diversos saberes,
digitais e abraços
E cada palma,
labuta, suada com o seu facão
Marca calejada na
mão
A manejar as
amarras, as Embiras...
Talvez em Minas
Eu me torne mineiro
eminente
Nos versos
espontâneos, em um repente
No trilho das
línguas analíticas
Trem avança as
divisas geopolíticas
Ventre acolhedor de gente
toda
e toda gente
“Sei lá, sô”, nem sei
se, “capaz”:
Mineiro; talvez Mineiro,
Meio-mineiro
Conceitos,
definições? Explique Milton Nascimento
Importa, minas, em Minas
É andar e viver por
aqui!
(Iberê Martí)
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