Escrever
é o último suspiro da alma
É
quando respira o que a garganta não suporta
Lançar
mão no contraponto histórico,
[amarrado
no fundo do peito]
Enxergar
a visão além de formas quadráticas
Absorver
o mundo por um modo anti-ângulos
Passear
no cosmos sem as leis da metafísica
É acreditar
no silêncio do que seria permitido
Tocar
a ferida, machucar o machucado (...)
Escrever
é abrir o escuro, apontar o prumo na luz
Mastigar
espinhos, observar a fragrância rosa
Flutuar
no mundo místico sem precisão de alucinógenos
Entregar
de bandeja aos cegos a própria cegueira
Andar
por entre nuvens, caminhar no sideral espaço
Avistar
o disco voador e comunicar com as estrelas
Morrer
vivendo, é dar vida as Palavras
Costurar
outros trilhos, rabiscar as escrituras (...)
Escrever
é tecer uma nova maneira, burlar as profecias
É
conversar com deus no mesmo paralelo horizonte
Abraçar
o divino sem necessárias vertigens
Convencer
a si mesmo, festejando os Sonhos de Morfeu
Amar
a vida sem substanciar Afrodite
Sentir
paixão sem lutar com Dionísio
Pulsar
poesia como fazem os vagalumes, os pirilampos
É criar
um novo universo simbólico, vomitar no emblemático (...)
Escrever
é desencontrar o nexo, anexar a imaginação
É vogar
sem remos pelo pulsar do coração
Boiar
nas incertezas, desfazer a solidez
Polir
o gasoso, abrilhantar a inocência
Partir
o fruto, dividir a soma
Monumentar
a multiplicidade, acalentar o acaso
Encontrar
com o futuro, e fugir do passado
Rememorar
a fantasia, evocar os duendes
Escrever
é a Arte construtiva de delirar sob a superfície,
sem
plano, polidimensional do Impossível!
(Iberê
Martí)
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