Sinta
o conforto da savana tortuosa
Tem
tanta vida que nem posso recordar
Viajo
sempre no meu tempo de menino
Cato
feto peregrino, feito verso e trova
Faz
tanto tempo aquele pé de Embaúba
Chiclete
de Macaúba, Murici, Caju Cajá
Se a
Mirindiba é árvore da caçada
Minha
canoa virada, é casca de Jatobá
Queimar
a língua no espinho do Pequi
A Copaíba
é rasteira que se dá
A
sebereba da carne do Buriti,
Tem de
tudo por aqui, tem palmeira Inajá
Se
ainda lembro a Cagaita é azeda
Bicho
da seda traça palha Piaçava
Não
quero agora lamentar a embira
No
gole de Sucupira, embeber o Ingá
Se
hoje canto, pro meu espanto
Ouvir
o canto do perdiz, do sabiá
Tem
tatu peba, tatu canastra
Bicho-preguiça
na unha tamanduá
Os
dispersores, nossos senhores
Veja
a lobeira fruto do lobo-guará
É a
rebeldia, e a poesia
Por
esses solos de tão baixo PH
É a
forma torta, que não se importa
Com
a retidão deste lúdico rudimentar
Veja
se pode a fisiologia do cerrado
Piromania
é tradição milenar
Adaptando
as reservas de tanino
No bulbo
do nordestino, tem doce Maracujá
O
Marmelo carrega o sabor do mistério
Tapiocanga
fez o Cacto aglomerar
Se
fica roxo enche o encanto do rosto
Cega-machado
é critério, pra vida selecionar
O PH
deste solo contamina
Vendo
a beleza na secura que sé há
Não
tem tristeza e o Baru tem cumarina,
Brilha
os olhos da menina, a flor do Jacarandá
Se
faz as unhas com a folha de Lixeira
Relva
molhada é Sangra-d’água a chorar
Que
me atrai é o cheiro da Lobeira
Veja
a moça vermelha, Urucum condimentar
.....
Carobinha
depurativo do sertão
Chapéu-de-couro
para cuca refrescar
Meu Coração-de-negro
é um pé Barbatimão
Delicado
Cansanção, faz a pele irritar
Escorre
água pelos olhos de Macela
Tanta
Bacaba para o espaço abraçar
Algodãozinho
que a vista da Favela,
Meiga
doce Mama-cadela, Dormideira e o Chichá
O Angelim
ouvindo o som da Pindaíba
A Aroeira
no solo do Gravatá
A Gameleira,
o Pau-de-sebo, Urtiga
Carqueja
causando intriga, e o Timbó para pescar
O Carvoeiro
é imagem das estradas
O Jenipapo
quis a índia enfeitar
Araticum
é o fruto da amada, Tamboril a morada,
É um
gole de Catuaba, para o sonho amargar
....
O
Guatambu fez um arco no peito
Pó-de-mico
bem feito para o Breu se coçar
Enquanto
isso Paratudo fica, Sombreiro sobra
O
Mureré ou Aguapé sob a água a flutuar
No
alagado cresce o pé de Guanandi
Bacupari
fez o Vinhático azedar
E a
Peroba passou na cara Apui
Criou
fruto Tapiriri, pra bicharada encantar
A Mandioqueira
folha forma dedaleira
Essência
de Cedro para moça perfumar
A Gabiroba
colocou o pé na cova
Braúna
e Olho-de-cabra, é o Guaco pra dilatar
O
Assa-peixe convidou o Cafezinho
Tingui
fez brinco pra orelha enfeitar
O
Pombeiro fez da Ucuuba poleiro
Poejo,
Saboneteira, e amigo Araça
...
O
Marinheiro também fabrica extinção
Buscar
Arnica no campo sem encontrar
Velame-branco,
Alecrim, Sete-sangria
Vai
perder sabedoria, Piuvá pra resgatar?
A
Mangaba tem o leite da Moringa
Alfavaca,
Cachimbeira pra pitar
O
Chá-de-frade que a gripe alivia
No
meio da cantoria, tem o pé de Manaca
A
Candeia produz óleo que ilumina
Pimenta-de-macaco
para vida esquentar
Tem
a Canela, Massaranduba e o Joá
A
Pindaíba, e o coco do Gerivá
Araruta
confessou pro Fedegoso
Fica
cheiroso ouvindo o som da Mutamba
O Ipê-roxo,
o Pacari, e a Quina
O
Marolo contamina, com seu sabor peculiar
Se
hoje canto, pro meu espanto
Ouvir
o canto do perdiz, do sabiá
Tem
tatu peba, tatu canastra
Bicho-preguiça
na unha tamanduá
Os
dispersores, nossos senhores
Veja
a lobeira fruto do lobo-guará
É a
rebeldia, e a poesia
Por
esses solos de tão baixo PH
É a
forma torta, que não se importa
Com
a retidão deste lúdico rudimentar
(Iberê Martí)
Nenhum comentário:
Postar um comentário