Sempre
tive maior vocação pra peixe, que para ave
No fundo
do rio minha imaginação se perdia.
Era como
vasculhar o infinito, tocar o inalcançável
A linha tênue do improvável iscada para o imprevisível
Virar
canoa, de remo... cortar água o remador
Ouvir
o banzeiro da ariranha, o bicho arisco
-
que tudo promete e nada faz, peixe de embira–
Debruçava
dias e horas ali; alimentando famigerados
Driblando
os entreveros, escapulindo de garrancho
Foi assim
que eu aprendi a ser livre.
As pássaros
voam, mas quem enxerga mistério é peixe,
Quem
ilumina fantasia e desafio é curva de rio
Minha
mãe sempre dizia. Esse menino só toma sossego quando pesca.
Fui pescado
pelo incompreensível, na dúvida é melhor duvidar.
Nisso
um mandi ou chorão encastoado me deu um aviso:
Não me
encontrei porque nunca desisti!
(Iberê
Martí)
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