terça-feira, 10 de junho de 2014

No que me encontrei


 

Sempre tive maior vocação pra peixe, que para ave

No fundo do rio minha imaginação se perdia.

Era como vasculhar o infinito, tocar o inalcançável

 A linha tênue do improvável iscada para o imprevisível

Virar canoa, de remo... cortar água o remador

Ouvir o banzeiro da ariranha, o bicho arisco

- que tudo promete e nada faz, peixe de embira–

 

Debruçava dias e horas ali; alimentando famigerados

Driblando os entreveros, escapulindo de garrancho

Foi assim que eu aprendi a ser livre.

As pássaros voam, mas quem enxerga mistério é peixe,

Quem ilumina fantasia e desafio é curva de rio

 

Minha mãe sempre dizia. Esse menino só toma sossego quando pesca.

Fui pescado pelo incompreensível, na dúvida é melhor duvidar.

Nisso um mandi ou chorão encastoado me deu um aviso:

Não me encontrei porque nunca desisti!

 

(Iberê Martí)

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