sábado, 22 de fevereiro de 2014

Assassinatura

 

O meu derradeiro poema ainda não foi escrito

Nem falado, nem largado nem ouvido

Cuspido, mascado; atrevido poema.

Quando assinei o contrato deixei de existir

(Socialmente tomo gotas de cicuta dia a dia.)

Meus sentidos estão cheios. Sentido sem sentimento.

Como são vazios os que estão cheios

Meus olhares estão viciados. Meus ouvidos surdos.

Meu tato sem gosto. Meu cheiro sem sorriso.

Meu eu é uma carroça cheia ferragens

Estou enferrujado para um olhar de criança.

Acomodado nesta mesmice

Esfacelado pelo primata em mim

Que acredita ser deus!

 

(José Tamuya)

Nenhum comentário:

Postar um comentário