Como seria se fossemos nômades por natureza?
Se a morte nos pegasse pela mão caso raízes surgissem dos
nossos pés.
Proibidos pelos deuses de ficar mais de um ano no mesmo
lugar.
Alguém ia querer acumular?
Mais mala, mais carga, mais cansaço.
Não ia se plantar sempre o mesmo grão.
Não brigaríamos por pedaços de chão.
Metal não teria valor.
Sandália, cavalo, carroça e chapéu sim.
Papel importante ia ser mapa.
A casa a gente ia carregar nas costas.
As fronteiras não fariam sentido.
Não mais guerras.
As universidades seriam tão itinerantes quanto circos.
Professores e palhaços realizariam suas missões
primordiais, espalhar conhecimento e alegria.
Nossas pernas seriam fortes.
Nosso pulmão seria forte.
Nosso coração o mais forte de todos, porque com ele
ficaria a carga da saudade.
A saudade que fica quando um companheiro segue por outra
estrada na encruzilhada.
A memória seria afiada, apontando a agua fresca, relva
macia e as surpresas do caminho.
No fim bastaria encostar, descalçar as sandálias e
descansar.
E não restaria duvida que se viu tudo que era possível
ver numa vida,
Toda estrada possível de ser caminhada,
Toda cachoeira,
Toda noite estrelada,
Todo sorriso e o choro de uma vida.
Sem essas dúvidas pra perturbar o sono poderíamos chegar
na clareira do fim do caminho em paz e finalmente dormir eternamente.
(Mário Paulo A. Hennrichs)
Nenhum comentário:
Postar um comentário