sexta-feira, 20 de abril de 2012







 Ontem fui ao melhor show da minha vida. Certo é que não presenciei tantos, mas mesmo se for o último estará satisfeito. Um desses raros momentos, em que o “fato concreto”, intimida a insignificância de qualquer expectativa. Ando meio destinado ultimamente. Foi o destino de um óculos, que me presenteou um livro, e gratificou com 104 minutos de arte.
Não faz tanto tempo, mas a música letrada de Bob vem me ensinando a observar mais atentamente as respostas do vento. E a oportunidade de assistir, "ao vivo", um dos únicos que respeito, ainda vivo. Admito que meu gosto musical andava meio cemitério, como se apenas o passado (que se quer vivi) fizesse sentido. Como se o tempo estivesse/acabasse” “involuindo”.
Eis que surge a oportunidade de conhecer Robert, ali, de perto. Dava certo tudo, nem o medo das capitais esteve presente nesse dia. A irracionalidade veio ao pensar, ao observar os “acambistas”, e seus olhares a implorar, literalmente, por um ingresso a faltar. Veio à loucura, sem ingerir uma única gota de álcool, imaginei: "Quanto valerá meu ingresso? Quanto posso ganhar?". E decidi, entre meio os segredos do cerebelo: "nem por um milhão!" Exageros a parte, têm que existir “coisas” na vida que o dinheiro não compre. Onde há vida!
E no meio dessa romaria (cujo Bob sempre se escondeu?), foi invadindo aquele som, a voz (meio, mais que rouca), se intimidava a presença do Cowboy Coroa.  Que sequer razão teria para estar ali: tocando gaita; teclado; guitarra, hora por música; hora por música e meia, nem sei "direito" explicar, de tão “atônico” que o público esteve. -Então esse é o Dylan? E a banda acompanhava aquela disritmia (às vezes por telepatia), dominada por uma energia maior, que controlava cada movimento; cada sorriso; cada vibração; cada olhar; cada palma.
Surgiu logo, nesse maldito pensar (que me inferniza), a lembrança do mundo musicalmente atual, e os críticos e as críticas: semi-deuses do saber? Meu amigo, Bob, não está nem ai para elas. Se não faltasse um Raul nesse enredo, diria: “Destino é a gente quem faz...” Mas vamos viver nosso tempo, se é que ainda nos permitem.
Os tempos andam mudando, dizia aquele que de herói sempre fugiu, e que “a história é quem dá conta, quem inventa”. Ele apenas reproduz (cuspindo no próprio prato?). A sociedade é fruto de uma construção coletiva. Criador e cicatriz são heranças do conhecimento comum. Tive medo do meu tempo, a música anda globalizada; aculturada, andam difundindo ilusão? Mas não me pretendo instrutor, cada caminho segue o seu. Quem é livre não condena. Não reverência mitos (“criados” por alguns “Idiot Wind”?). Admira sim o Ser, e a melodia que continua e insiste, a “martelar” o telencéfalo: “Like a Rolling Stone...  !!!


                                       (escrito por Iberê Martí)

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