domingo, 29 de dezembro de 2013

Da inutilidade das coisas


Passava o dia a observar as quimeras
Em lampejos via e ouvia, quase sempre absorvia
Vi, por exemplo, de manhazinha quase nascer do sol
Um beija-flor pousar na perna do vento
                   [e roubar o néctar de uma flor amarela]
Avistei uma siriema disputando corrida com máquinas velozes.
Quero-quero a competir com barulho dos motores dos automóveis
Uma pomba plainar voo mansinho e pousar em meu peito
                                  [com os olhos contentos em migalhas.]
Ouvi também um urubu de cócoras em uma estaca,
(Ele desejava bom futuro para todos que perambulava.)
Foi quando um bem-te-vi usurpou o amarelo de meu peito
                            [estufou para fora de seu canto meu pranto]
Como um pardal naveguei por todos os continentes
E na resiliência de uma coruja me camuflei no dia, na noite
Fingindo desconhecer as coisas inúteis que cerceiam os homens
Obcecado pelo aparato transeunte utensilio obsoleto petrotecnológico
E desperdiçando água com carro...


(Iberê Martí)

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