Passava
o dia a observar as quimeras
Em lampejos
via e ouvia, quase sempre absorvia
Vi,
por exemplo, de manhazinha quase nascer do sol
Um beija-flor
pousar na perna do vento
[e roubar o néctar de uma
flor amarela]
Avistei
uma siriema disputando corrida com máquinas velozes.
Quero-quero
a competir com barulho dos motores dos automóveis
Uma pomba
plainar voo mansinho e pousar em meu peito
[com os olhos contentos em migalhas.]
Ouvi
também um urubu de cócoras em uma estaca,
(Ele
desejava bom futuro para todos que perambulava.)
Foi quando
um bem-te-vi usurpou o amarelo de meu peito
[estufou para fora de seu
canto meu pranto]
Como
um pardal naveguei por todos os continentes
E na
resiliência de uma coruja me camuflei no dia, na noite
Fingindo
desconhecer as coisas inúteis que cerceiam os homens
Obcecado
pelo aparato transeunte utensilio obsoleto petrotecnológico
E desperdiçando
água com carro...
(Iberê
Martí)
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