quarta-feira, 12 de março de 2014

A rede que balança sonhos


 

Da infância há lembranças que ficam

Vagas vazias, labirinto sem porta de entrada

Lembranças tolas, imagens singelas

Temo esquecer, como exemplo, dormir na rede no meio da floresta

Em noites molhadas, a água da chuva fazendo orquestra

Em conta gotas, das folhas das árvores despencando na relva

Pura e doce nostalgia - quase profana melodia.

No outro, de manhazinha. Purpurina de encanto e festa

Alvorada serena seca, com canto de orvalho no bico dos pássaros

Suas gargantas a toda a tona. Reinventando a tristeza da noite

Ah, quanta bobagem de lembrança abandonada.

Eu que nem me ouso esquecer. (Nem por um instante.)

E foi somente hoje que percebi o desmerecimento, minha indiferença

O quão o inútil é imprescindível, âmago fundamental

Hoje sei que a maior vantagem de dormir na rede,

É balançar sonhos em um enredo de criança!

 

(Iberê Martí)

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