quarta-feira, 12 de março de 2014

Quimera


 

Não sou árvore de viajante, nem tenho raízes

Não planto estrelas. Viajo margeando cometas

As vezes cometo delitos, cavaleiro andante

Cavalheiro parado. A dama que me ama,

Se me entendesse em partes, me amaria?

Quanto amor desperdiçado, por brandos corações

Serpentes, estrelas, donzelas... alucinadas.

Só guardo água em peneiras. Não tenho posse.

Não faço pose. O tempo me esquece, em cada esquina

Sou sem juízo. Não tenho graal, nem carrego doutrinas

Sou livre aos avessos por ser. E as vezes sem querer,

Perdido me encontro. Como um tonto, embriago na rua

Minha casa é a lua, minha mãe e meu pai, minha face lavada.

Meu irmão eu perfaço no lixo. Sou graxa, sem graça

Lubrifico-me quando te amolo. Lima, laranja.

Tive uma granja quando criança. Vendi ovos pra caridade

Criei abelhas pra roubar mel. Fui nativo. Tive um fecha.

Meu cabelo cheio de mechas. Loiras castanhas.

Agora me acho um tanto sabido. Sou atrevido

Não tenho vontades. Sou um fidalgo diplomado.

Um mal amado. Um mal lavado. Um mal e meio

Um mal centeio. Um mal a menos. Um mal só, há mais ....

 

(Iberê Martí)

Nenhum comentário:

Postar um comentário