Eu queria nascer cego
Cego de cegueira
nascida e vivida
Inventaria meu mundo
em uma praça pequena e simples
Cego de qualquer
preconceito de cor
Um inventor de arcos desprovidos
de cordas e flechas desnecessárias de pontas
Cego de concessões e
ilusões necessitárias
De corações sem
paixões materiais e doentias
Cego de qualquer norma
ou conduta burocrática
Relutaria a qualquer objeto
quadrado ou ângulos fechados
Cego de julgamentos, razões
e mandamentos
Respeitador do Ser e
as desmedidas diferenças
Cego de consequências,
probabilidades ou mentirinhas em doses diárias
Modelaria no pensamento
cada faísca indesejada que imaginar
Cego de qualquer visão
que me remeta medo
Desconhecer a formas, as
explicações e seus fantasmas
Cego a escrevinhar
minha história de desambições
Apenas um desavisado a
importância em estar no meio
Cego a criar lírios
nos cantos dos pássaros
A rabiscar com giz-de-cera
no vento o destino de meu tempo
Cego de criação
circular, meu universo é minha invenção,
Afogar as mãos na
areia e castelos que a água leva, e leve evapora
Queria nascer cego;
cego de ego e cego de querer
Se a cegueira faltar, desavisado
vou construir meu Luar
Cego de vazios e
calafrios, cego de angustias
Sem dogmatismos buscando
um fim para instantes que emergem do nada
Cego a viver, e Amar
Platonicamente entre conexões interestelares
Enfeitando a Lua e as
Estrelas com sonhos e poesia
Cego eu consigo, cego
eu concebo o “Déjà vu”,
Desencontro a luz e me perco na existência...
Os Cegos são nossos semelhantes
evoluídos e agraciados por deus!
(Iberê Martí)
Hoje vc conseguiu me emocionar!
ResponderExcluirEita... que bom Lu!!
ResponderExcluirFantástico!!!
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