sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Bom Dia


Hoje eu acordei e só queria dar bom dia
Mas já não tive tempo por causa da rotina
O tempo me lembrou que nem tudo é poesia
Talvez seja o meu destino, a minha sina
Correr contra o tempo, com alma vazia
Em vez d'água do mar, lágrimas na retina
Sede na boca em vez de lábios bonina
Cultivando o que restou da melancolia

O passado é tão imprevisível quanto o futuro
O presente se passou mais rápido que um raio
Toda vez que me bate o velho medo do escuro
No precipício escuro da minha mente eu caio
Em transe, me sinto preso, cercado de muros
Meu corpo confinado, alvejado, com mil furos
Como as folhas que caem das árvores em maio

Vejo a foto da "gente jovem reunida", curtindo
Reunidos, felizes, a saborear a própria juventude
Tem aquela loira com cabelo atrapalhado, sorrindo
Seu óculos escuro grande, sua beleza e sua saúde
Hoje o tempo levou a garota, seu rosto tão lindo
Só restou a lembrança e a foto desbotada, caindo
Aos pedaços, como as amizades, a ex-maior virtude

Mas eu resisti, saí para a rua, fui caminhar
Dei bom dia pra um mendigo e pra um vira-lata
E o sol cresceu, no meu caminho, a iluminar
O vento no meu rosto refrescou como cascata
E eu vi que é pra frente que tem que olhar
E quem não vai pra frente, o tempo mata
Resolvi naquele dia aposentar minha gravata
E ir pra praia, nadar nas águas do mar


(Stéphano Diniz)

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