domingo, 18 de maio de 2014

Contratempo


 



O contratempo contrapôs a contraprova. Provei nada, ninguém. Nem o gosto da gruta se abriu para mim. Fruto do pecado, fruto do mar e do sal. Eis o que consome o pequeno e vasto universo que circunda a nossa volta. Eis o sol arrependido de um outro nascimento. Eis o nosso sistema vagando pela galáxia, em busca de novas utopias. Eis eu impertérrito, imperfeito e (des)contento. Todos vagamos na mesma órbita lunar, fazendo contraponto para antimatéria. Nossos sonhos, nossas ilusões, nossa rebeldia. Pra tudo que um dia virou pó de estrelas. Pra todas as estelares que contemplam a Gravidade em sua gravitação funcional. Sombras do acaso, mensagens abstratas dos tempos e da história. Teu coração gagueja como copa de árvore. Teu estômago leito imita raízes. Quando teu gosto terá alguma probabilidade de abandono? Quando teu trono se compreenderá como húmus? Quando serei eu um outro?   Eu gostaria de rastejar minhas palavras ao vento com a simplicidade cujo efeito é há vida. Mas quão complexa pode ser a ideia de um ser humano, envolvido numa teia de infinitos outros sonhos.


 

(Iberê Martí)

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