O
poeta nasceu triste
Nasceu
torto, esquecido
Um
inválido, desvalido...
Mas
quanto tu chega,
Meu
coração se despeja
O
poeta nasceu largado
Nasceu
porto, caravela
Um
desmerecido, favela...
Mas
quando tu sorri,
Meu
coração quer se abrir
O
poeta nasceu esquecido
Nasceu
foz, correnteza
Fonte
de incertezas...
Mas
quando tu fala,
Meu
coração dispara
O
poeta nasceu no Abandono
Nasceu
livre, prisioneiro
Um
líder sem guerrilheiros...
Mas
quando teu beijo,
Meu
coração faz lampejo
O
poeta nasceu solidão
Nasceu
pó, barro, mar
Um
coração pra navegar...
Mas
quando tu relicário,
Meu
coração solitário
O
poeta nasceu pássaro
Nasceu
ninho, canto
Asas
voo e espanto...
Mas
tu meu é contraponto,
Eu
um poeta em pranto
(Iberê
Martí)
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