quarta-feira, 14 de maio de 2014

Garoto Francisco


 

Pra escrever esse cordel

Peço bastante inspiração

Ao Santo São Benedito

Santo negro de tradição

Com um legado bonito

Sujeito de bom coração

 

Vou contar essa estória

No aniversário da abolição

Foi no dia treze de maio

Que acabou a escravidão

E a estória desse garoto

Merece virar uma canção

 

Batizado como Francisco

Falava português e latim

Criado por missionários

Para ao sistema dizer sim

Mas não sabia que um dia

Ao sistema poria um fim

 

Não conheceu seus pais

Foi concebido num terreiro

Era de origem africana

Era um negro verdadeiro

Era escravo, mas era livre

Era filho do povo brasileiro

 

Um dia, no meio de uma missa

Francisco teve uma revelação

Deveria lutar por seu povo

Contra mosquete, bala, canhão

Resgataria a sua honra

Foi essa a sua visão

 

Ele chamou o padre

E disse, “Estou indo embora”

Já tenho dezoito anos

Acho que chegou a hora

De lutar pelo meu povo

Que está morrendo agora”

 

O padre lhe desejou sorte

Na sua luta no agreste

E ao lhe chamar de Francisco

Francisco respondeu inconteste

Meu nome, padre, é Zumbi!

Disse em latim, Alea jacta est!

 

O resto vocês já sabem

Zumbi foi para os Palmares

Governar lá um quilombo

Viver entre os seus pares

Lutar pela sua liberdade

Com seu povo aos milhares

 

Zumbi entrou pra história

Mesmo um dia vencido

Simboliza a liberdade

De um povo desvalido

Um povo negro, povo livre

Que tem um herói merecido

 

(Stéphano Diniz)

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