Há
cidade e seus presídios
Seus
prédios abandonados
E
seus casebres,
Amontoados.
Teu
povo abandonado
O
louco caído no chão,
E a
fria cerveja ao lado.
A
indiferença do Estado,
Abandonado
Conforma
suas formas,
Largadas
E a
moça abandonada
Há
moça artista despejada,
Despejando
vida abandonada,
Na
janela da rua enfeitada
Teatro
de cor desbotada.
Teu
calor humano,
Lapa
abandonada.
Este
cheiro, cheiro de abandono
Cheio
de gente abandonada.
Fel
da vida, gosto abandonado.
Marca
a noite despejada,
Na
correria do dia a dia,
Abandonada.
Sentimentos
soltos, conversa lavada,
Peito
vazio, proza afinada.
Rio
nem é Janeiro,
Sexta
ou carnaval?
Tudo
igualmente abandonado.
Não
sei se voltei.
Votei
no abandono,
E
aqui fiquei,
Abandonado.
Tropeçando
em pedras,
E
muros nas portas de meu,
Abandono.
A
meretrizes, e seus homens
Abandonados.
Despidos
no carro apresado,
O
turista levado, abandonado.
Tudo
é tão abandono,
Como
mal cheiro acostumado,
Cuspido,
vestido, jogado.
Na
porta do lixo,
Sento
no balcão do luxo
O
desprezo abandonado,
Tanta
gente despejada,
Vestindo
Abandono.
O
trono da solidão...
Lapa
rio, mensagem codificada,
Fruto
do abandono dos homens
Mar
ou riacho, sujo estrume no chão
A
segurança perto do abandono.
Um
monte de rei sem trono,
Pisando
no abandono...
Sou
mar ou riacho,
Meu
rio amado,
De
cima és lindo,
Debaixo,
diacho,
Esgoto
abandonado!
(Iberê
Martí)
Nenhum comentário:
Postar um comentário